Posted On 2015-05-02 In Aliança solidária, Artigos de Opinião

Schoenstatt na África do Sul mostra solidariedade com as vítimas de xenofobia

ÁFRICA DO SUL, Sarah-Leah Pimentel •

Nas últimas semanas tem-se visto o melhor e o pior da sociedade Sul-Africana. Infelizmente é o nosso pior lado que fez manchetes em todo o mundo. Os media sul-Africanos também destacaram a onda de violência xenófoba que varreu o país – visando principalmente os estrangeiros de outros países africanos, muitos dos quais vivem e trabalham na África do Sul há muitos anos. As autoridades demoraram a reagir, apenas o fizeram após a condenação por outros líderes africanos.

Apesar das críticas que os nossos meios de comunicação receberam, era necessário contar essas histórias de horrores indescritíveis – de pessoas expulsas das suas casas, espancados, esfaqueados, as suas pequenas lojas saqueadas e queimadas – porque alguns segmentos da nossa sociedade têm-se recusado a acreditar no que está a acontecer, em maior ou menor grau, desde 2008. O compromisso obstinado dos jornalistas a esta história é que nos colocou nos horrores das luzes da ribalta em todo o mundo.

A boa notícia: os sul-africanos mobilizam-se contra a xenofobia

XenophobiaRallyMas os meios de comunicação internacionais só apanharam uma parte da história. Apesar do ódio de alguns, havia muitos mais mobilizados em solidariedade, utilizando diferentes recursos e palavras para fazer ecoar as palavras de Jesus aos seus seguidores há dois milénios: “Ame o seu próximo como a si mesmo” Independentemente de saber se ele é seu irmão ou um imigrante de outro país.

As múltiplas transmissões, os jornais e as campanhas on-line divulgaram as mensagens anti-xenofobia. Uma emissora independente dedicou horas de transmissão em direto dando cobertura à solidariedade dos sul-africanos para com aqueles que se tornaram as últimas vítimas de xenofobia. Marchas e manifestações foram realizadas em todo o país para pedir o fim da violência contra os estrangeiros. Celebridades lançaram campanhas para fornecer bens básicos para os deslocados pela violência e criaram campanhas de sensibilização anti-xenofobia. Em algumas das comunidades mais flageladas pela violência xenófoba, os moradores formaram patrulhas de rua, muitas vezes enfrentando milícias armadas, num esforço para proteger os estrangeiros que vivem nos seus bairros. Solidariedade.

Schoenstatt de ambos os lados deste drama humano

A Família de Schoenstatt também se encontrou de ambos os lados deste drama humano. Alguns membros de Schoenstatt do Burundi, que têm vivido em Durban – onde esta onda particular de violência xenófoba estourou – disse que “ninguém nos pode ajudar – a polícia não pode proteger-nos. O único que nos pode ajudar agora é Deus e a Mãe Maria e a oração “.

A irmã Joanne, que tem vindo a trabalhar em estreita colaboração com este grupo, explica o seu desespero: “Eles estão a sentir-se muito isolados e com medo – muitos deles não sabem para onde ir – O Burundi está em guerra devido às próximas eleições, eles não podem voltar, mas sentem igualmente que perderam a sua casa aqui. Alguns estão aqui há 12 ou 14 anos. Os seus filhos nasceram na África do Sul e são cidadãos sul-Africanos. Sentem-se sem abrigo e desprezados e muito sós. ”

A irmã Joanne acrescentou que “vai ser muito difícil para a comunidade imigrante porque eles dificilmente idealizam viver noutro sítio e agora, neste clima hostil, será duplamente difícil para eles para fazer face às despesas.”

Num esforço para ajudar, a Família de Schoenstatt em Durban está planeando começar as visitas domiciliares na comunidade de imigrantes e contribuir com dinheiro para mantimentos básicos.

Um dos membros da Juventude Feminina em Joanesburgo, que nasceu na República Democrática do Congo, mas viveu na África do Sul a maior parte da sua vida, uma noite na semana passada, colocou na sua página no Facebook que “a nossa área está a ser atacada. Amigos, por favor orem por nós e pelas nossas famílias.” Ela também esteve envolvida em campanhas de sensibilização na sua universidade e está muito empenhada em mudar a sensibilidade sobre os estrangeiros neste país, a que ela chama de sua casa.

O espalhar da notícia da violência para Joanesburgo começou numa conversa WhatsApp entre membros da Liga da juventude Feminina de Schoenstatt. Elas sentiram que a oração, embora seja uma parte importante da sua solidariedade para com todos aqueles que são apanhados na violência, não era suficiente. Dawn comentou que “como Liga da Juventude Feminina também devemos decidir sobre que tipo de ajuda queremos oferecer. É cómodo e bonito dizer “não à xenofobia” sentados no conforto dos nossos sofás, enquanto as pessoas não têm onde dormir. O amor verdadeiro está nas ações, não apenas nas palavras”.

Antes do fim do dia, muitas das mulheres mobilizaram-se para recolher alimentos e cobertores e levá-los para uma esquadra de polícia, onde muitos estrangeiros foram acampar na noite fria, sentindo que era mais seguro lá do que nas suas casas. Outros sugeriram ajudar os Serviços Jesuítas aos Refugiados, que é ajudar as pessoas, patrocinando uma iniciativa para distribuir panfletos educativos sobre os transportes públicos, proporcionando alternativas de transporte para os estrangeiros para chegar ao trabalho até que a violência acalme.

Thope lembrou que a solidariedade em tempos de crise é bom, mas também falou sobre a necessidade de uma solidariedade contínua para ajudar os estrangeiros que encontraram o caminho para o nosso país, muitas vezes para escapar do terrorismo, das guerras ou da pobreza extrema nos seus próprios países. Ela lembrou a todos sobre a casa inspirada em Schoenstatt para os refugiados, Mercy House, e convidou os membros da Liga das Mulheres na prestação de ajuda a longo prazo para os filhos – ajudando com o trabalho escolar ou a doação de material educativo.

Em solidariedade sentimo-nos livres dos nossos preconceitos para nos arriscarmos livremente

O Diretor Nacional do Movimento de Schoenstatt na África do Sul, o sr. Connie, lembrou a todos para rezarmos pelas vítimas de xenofobia, lamentando que “preconceitos profundamente arraigados tenham vindo uma vez mais à tona visto que esses preconceitos não têm sido confrontados e tratadas.” A nossa vida na aliança de amor pode servir como um exemplo de como podemos superar as coisas que nos dividem. A irmã Connie escreve: “Em Schoenstatt falamos de solidariedade na aliança e em como e através desta aliança somos capazes de nos arriscarmos mais e libertar-nos dos nossos próprios preconceitos, libertando assim para muitos as graças que eles não experimentaram da ‘Mãe que genuinamente cuida de todos os seus filhos sem distinção de raça, sexo ou qualquer outra diferença. Maria é o coração da nossa união e neste momento da história do nosso país rezamos pela graça da transformação interior para todos.”

A Família de Schoenstatt na África do Sul convida a toda Família Internacional de Schoenstatt para orar em solidariedade por este espírito de verdadeira transformação, para que a nossa sociedade, que é tão dividida, possa encontrar uma maneira de superar sentimentos de ódio, de desconfiança e de raiva. A transformação, não apenas na África do Sul, mas em todos esses lugares onde o preconceito impede de ver o outro como um irmão, uma irmã, uma pessoa humana vivendo os mesmos sonhos, esperanças e aspirações que nós. Oramos pelo fim da violência nacionalista, étnica e religiosa no Burundi, Sudão do Sul, Iémen, Iraque … e em muitos outros lugares.

Seguir no Twitter: #NoToXenophobia
WitsMarch
Original: inglês. Tradução: José Carlos Cravo, Lisboa, Portugal

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