Posted On 2015-04-22 In Artigos de Opinião

Encontro

ARGENTINA, Pe. Guillermo Carmona, Director Nacional do Movimento •  

Queridos irmãos na Aliança,

O Lema do ano convida-nos a que “saiamos ao encontro”. Um primeiro pressuposto para o conseguir é cultivar a proximidade. Disso falaremos nesta Carta da Aliança. Ninguém sai ao encontro, se primeiro não se faz “próximo” do outro e dos outros.

1. A fonte que alimenta a nossa proximidade é a experiência de Maria, sempre próxima

Ela sai à nossa procura e, ao encontrar-nos, abriga-nos na Aliança para sempre. Torna-Se próxima para que usufruamos da Sua paz e harmonia espiritual.

Maria oferece-nos a consciência de um Deus próximo do Homem que, em Jesus Se faz um de nós. O Papa Francisco manifestou que “é tão grande esta proximidade que, Deus Se apresenta como uma mãe que dialoga com o Seu filho…” Há uma tentação, lembrava-nos o Papa que é “coisificar a graça”. Pelo contrário, “esta graça é uma proximidade, uma proximidade das entranhas de Deus”. Este Deus sempre próximo permite-nos alegrarmo-nos na Páscoa, para além das experiências dolorosas que sofremos ou tenhamos padecido no passado.

2. A proximidade a Maria convida-nos a estarmos próximos das pessoas

O que significa estar próximo de alguém? Quando se pode afirmar que existe proximidade? Quando me apercebo da sua alegria ou da sua tristeza, da sua serenidade ou do seu medo. Estar próximo é descobrir as causas das suas esperanças, dos seus temores ou das suas ansiedades. Os diálogos geram vínculos e estes revelam alguma coisa do mistério daquele a quem saímos ao encontro.

A proximidade acarreta a preocupação pelo seu bem-estar e pelos seus interesses. O outro pode contar comigo e vice-versa. O autêntico amigo está sempre, nos bons como nos maus momentos. Se a relação tivesse sido só “casual”, não nos ocorreria telefonar-lhe, mandar-lhe um mail, mencionar o seu nome ou desenhar a sua figura no nosso interior. Quando se está próximo, pensa-se no outro, partilham-se verdades, desfazem-se dúvidas, sonha-se com projectos partilhados.

Cultivar a proximidade pode detonar-se com uma pergunta trivial: “O que andará a fazer? Como estará a sua vida?” Da recordação surge a procura, o desejo de pegar no telemóvel, de lhe enviar uma mensagem, dar-lhe um telefonema ou acrescentar um gesto no Whats App.

3. Para cultivar a proximidade é preciso cultivar os sentimentos

Às vezes coibimos emoções e reprimimos a alegria ou a tristeza. Pômo-nos à defensiva e mostramo-nos distantes. Também perante Deus Pai. Nietzsche tinha-Lhe medo e, por isso, confessou: “É preciso pôr diques a Deus, não vá acontecer que nos aniquile”.

A manifestação do afecto emocional é importante quando nos decidimos a sair ao encontro. Partilhar sentimentos expressa o nível de confiança que temos. Não precisamos de aparentar: somos autênticos, sinceros. Não são necessárias formalidades. Quando há proximidade temos a convicção de que o outro não abandonará a relação, ainda mesmo que haja alguma coisa que não encaixa ou surjam desencontros.

4. A proximidade é uma expressão das nossas, pobreza e humildade

O soberbo e o auto-suficiente não sente a necessidade de sair, nem está próximo dos outros. “É um convencido” e fecha-se na sua torre, desde a qual pensa dominar o mundo, rindo-se dos outros e das circunstâncias. Só o pobre – no sentido sociológico ou existencial do termo – está aberto a enriquecer e a deixar-se enriquecer. A proximidade é um caminho de ida e volta: enriqueço e enriqueço-me: é a sinergia do amor e do carinho.

5. Também é preciso estar próximo dos problemas à nossa volta

Conhecemos de cor a frase do Pai-Fundador: ”Com a mão no pulso do tempo…”. Neste ano de eleições, por exemplo, queremos estar próximos da problemática política e social. Dói ver tanto distanciamento e agressividade no mundo: Andreas Lubitz estampou o avião nos Alpes; soldados e jovens assassinados na Síria; atropelos físicos nas ruas e avenidas das nossas cidades… Todo o distanciamento é um grito contra o amor redentor do Salvador.

Maria, a nossa Aliada, inscreve-nos no Seu Coração e quer que o façamos, também, com os nossos irmãos. É uma forma de esquecer a noite e saudar a Aurora da Páscoa.

“Próximo” de vós, recordo-vos e abençoo-vos,

Pe. Guillermo Carmona

Original: espanhol. Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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