P. José Melo. Acolher de coração. Uma palavra que brota do Natal e pode permanecer como uma estrela a guiar os caminhos da paz e da alegria do Evangelho no novo ano de 2015.
Este é também o nome de um dos muitos projetos que são expressão da cultura da aliança de amor, neste caso, um exemplo da rede viva de pequenas alianças de solidariedade. Trata-se de uma iniciativa que se realizou pela terceira vez no Natal de 2014, “à sombra” do Santuário de Schoenstatt de Lisboa, unindo dezenas de famílias a outras tantas pessoas e famílias que são acompanhadas por diversas instituições de solidariedade.
Os frutos desta iniciativa motivam-me a explorar o significado do “acolher de coração”, descobrindo perspetivas concreta da relação íntima que o Papa Francisco estabeleceu entre a cultura da aliança e a cultura do encontro, na audiência com o nosso Movimento em Outubro.
A fonte da nossa alegria está em ser acolhidos e amados.
Acolher de coração em primeiro lugar a Deus, dar-lhe espaço, procurar a sua presença e a sua vontade, ouvir a sua voz na Palavra do evangelho, na voz dos outros e na nossa própria alma. Louvar e dar graças, confiar n’Ele em todas as circunstâncias. E vamos descobrir que afinal é Ele quem nos acolhe.
Acolher os que estão perto de nós, dar espaço para os escutar, ganhar tempo para estar, aceitá-los pelo que são e pelo que nos dão, agradecer por fazerem parte do nosso tesouro. E assim vamos também descobrir que a fonte da nossa alegria está em ser acolhidos e amados.
Acolher os outros que não estão no nosso círculo mais próximo, os que se cruzam connosco nos caminhos do dia-a-dia ou os que necessitam da nossa oração e da nossa partilha. Ir ao seu encontro descentrando-nos de nós mesmos, e estar atento às oportunidades para semear pequenos gestos de bondade e de paz. E assim vamos descobrir que também nós somos mendigos por um lar.
Um primeiro passo para a verdadeira solidariedade que está na alma da cultura do encontro.
Estes caminhos de aliança que nos abre o acolher de coração, mostram-nos como este é efetivamente um primeiro passo para a verdadeira solidariedade que está na alma da cultura do encontro.
Nesse sentido, o acolher de coração é também um dos caminhos mais assinalados quando se trata do sonho missionário de chegar a todos. Por um lado, desejamos que a Igreja seja família que acolha a todos sem exceção, e que de portas abertas, seja casa de encontro e lugar de Aliança para todos. Por outro, somos chamados a sair ao encontro de todos, com um amor que começa por acolher de coração: “com obras e gestos, a comunidade missionária entra na vida diária dos outros, encurta as distâncias, abaixa-se – se for necessário – até à humilhação e assume a vida humana, tocando a carne sofredora de Cristo no povo.” (EG,24).
Ao início de um novo ano, peregrinamos ao Santuário de Schoenstatt para experimentar que acolher de coração é o que faz Maria e esta é a primeira graça da Aliança que aí recebemos, para também nós aprendermos a acolher de coração.
Muitas bênçãos para 2015!
Padre José Melo
Mais informações sobre o projeto acolher de coração
Fonte: www.schoenstatt.pt