Sessenta anos dos "Cavaleiros do Santo Graal"

Grupo de Mario Hiriart, fundadores da Juventude Masculina no Chile

Símbolo Symbols Symbol
A la sombra del Santuario In the shadow of the Shrine Im Schatten des Heiligtums
Recuerdos… Memories... Erinnerungen
Símbolo del grupo Group symbol Gruppensymbol Fotos: Schoenstatt Chile/Vinculo © 2009

CHILE, Sergio González Urzúa. Ao reviver o período de fundação e desenvolvimento inicial da Juventude Masculina de Santiago, nos anos de 1948 em diante, a primeira coisa que surgiu é um agradecimento especial ao Senhor Jesus e à Mater por serem capazes de viver esta história, o Santuário Cenáculo de Bellavista e contatos com o nosso Pai Fundador, e o porque da erupção de graças recebidas para a pequenez dos instrumentos tem sido imensa.

Particularmente se consideramos que esta história coincide com a chegada de muitos outros e com a evolução nestes 60 anos de toda a família no Chile, que a partir de Bellavista e Valparaiso, se extendeu por todo o país, a realidade dos seus santuários e de algum modo também em outros países da América Latina e mais além.

O primeiro grupo da Juventude Universitária, teve uma pré-história que começou em 1945-46, quando o Pe. Bento Schneider, padre alemão pallottino que anos mais tarde obteve a cidadania chilena, ordenado no Chile e um seguidor do Padre Kentenich, procurando entrar em contato com jovens chilenos para entregar-lhes o ensino e a espiritualidade de Schoenstatt, veio como um assessor do Centro de Ação Católica dos estudantes do Instituto Alonso de Ercilla dos Irmãos Maristas.

Durante aqueles anos, ele conheceu os estudantes Mario Hiriart Pulido e Vicente Olea Álvarez do 5 º ano em humanidades e Sergio Gonzalez Urzua, no 6 º ano, equivalente hoje ao 3ª e 4ª Médio e conduziu espiritualmente sem falar diretamente de Schoenstatt ou do Pe. Kentenich, mas guiado pelos seus princípios foram recebidos com entusiasmo pela novidade e lhes pareceram moderno para a época.

No final de 1947, Mario e Vincent, antes de terminarem o curso da faculdade, conheceram Schoenstatt, sua história e seu fundador com o atual Pe. Patricio González del Campo, que tinha conhecido a Ação Católica Estudantil e com quem eu escrevo estas linhas, apelou para convidar novos membros para este grupo a ser formado.

Detectar jovens com inquietudes apostólicas

Dessa maneira, Mario Hiriart da Engenharia e os outros jovens que estudavam Direito, iniciaram seus trabalhos em conjunto para identificar os jovens com preocupações apostólicas que pudessem ser atraídos por esta nova espiritualidade, caracterizada pela sua dedicação à Santíssima Virgem Maria e às necessidades da época, a partir dos respectivos centros da AUC, Ação Católica Universitária.

Este trabalho silencioso e o convite para o primeiro retiro pregado pelo Pe. Bento Schneider, extraordinário educador, (Setembro de 1948 Ideal Pessoal e maio de 1949, Maria, a verdadeira imagem do homem), para além das reuniões semanais aos sábados à tarde na Casa dos Padres Palotinos, foram bem sucedidos integrando novos membros no final de 1949, os 19 membros fundadores, que formaram o grupo de jovens que tomou como nome, a missão e os ideais de "Cavaleiros do Santo Graal": 7 deles já estão no céu, destacando nosso Servo de Deus Mario Hiriart, 4 seguiram como peregrinos e foram muito próximos e unidos na aliança de amor que fizeram juntos por diversas vezes aos 8 integrantes que restaram. Todos permanecem como membros ativos da Família Schoenstatt, 1 no Instituto dos Padres, 1 no Instituto das Famílias e os restantes 6 em diversos cursos da Federação Apostólica das Famílias.

Deste resumo histórico, destacamos alguns aspectos que foram fundamentais para o desenvolvimento deste pequeno grupo de jovens, recém-admitidos na Universidade, com todo o entusiasmo e desejo de mudar o mundo, em torno da própria universidade, mas com todas as limitações, dúvidas, as lutas e os esforços para o desenvolvimento pessoal e a expansão do Movimento, como uma obra de Deus que, apesar da exiguidade dos seus instrumentos, partiu para a sociedade chilena, com grande força e fertilidade.

Reflexões

Depois de refletir juntos várias vezes desde abril do ano passado, para lembrar, agradecer, o que aconteceu nesses 60 anos, os oito que participam ativamente na Família estamos de acordo a várias conclusões:

• O convite que recebemos era absolutamente livre do Senhor Jesus e da Mater e que foi precisamente por causa das nossas fraquezas e limitações que optamos por não ter nenhuma dúvida de que aquilo foi obra de Deus.
• Reconhecemos e agradecemos ao Pe. Benito Schneider que foi a ferramenta especial e grande educador escolhido pela Mater para despertar e desenvolver nossa missão pessoal e de grupo em alguns de seus retiros, todos inspirados pelo Pe. Kentenich e refletindo a espiritualidade e a pedagogia de Schoenstatt, tendo sempre como horizonte responder aos grandes desafios da antropologia cultural e do tempo para desenvolver em seus membros, no meio natural e sobrenatural, pessoal e comunitário as dimensões como um conjunto orgânico.
• O alicerce espiritual recebido nos primeiros anos, foi a crença central na aliança de amor com Maria no santuário, que foi expresso na vontade de atrair o nascimento de Cristo e transformados pela graça do santuário. A qualidade e a profundidade desta atitude recebeu e venceu no grupo dos Cavaleiros do Santo Graal, é o maior dom recebido de Deus Pai.
• Após ter conhecido o Padre Kentenich e ter participado em muitas atividades desenvolvidas em suas visitas ao Chile entre 1947 e 1952, destacando a reunião que tivemos com ele, no início de setembro de 1948, que juntamente com sua paternidade iradiante e seus dotes de educador, percebemos que estávamos diante de um sacerdote extraordinário, um profeta que abriu grandes horizontes e mostrou-nos uma perspectiva alargada do mundo, as suas deficiências, as dificuldades que teve o homem de meados do século XX e a resposta de Maria as suas preocupações, que nos conquistou de imediato e para sempre. Alguns dias mais tarde, no 18 de outubro, vários participantes que estavam na bênção da pedra fundamental do Santuário de Bellavista, onde também esteve o Fundador na inauguração de 20 de maio de 1949. Em 29 de maio desse ano, cinco deles, entre eles Mario Hiriart, fizeram sua aliança de amor com Maria, a primeira a ser realizada no recém-abençoado santuário. Para a ocasião, foi convidado o Pe. Kentenich que nos enviou uma foto de Maria com a sua saudação e a sua assinatura e não pode comparecer porque estava trabalhando em um documento importante. Nada menos que a carta de 31 maio!
• Neste breve resumo, não podemos deixar de mencionar a forma como Maria foi nos conquistando e gradualmente transformando nosso irmão Mario Hiriart, até que Ela se tornou uma referência indispensável na vida dos Cavaleiros do Santo Graal e, no máximo exemplo dos ideais que procuravam encarnar, como fundadores, guardiões e mensageiros do carisma do fundador, geração fundadora de Schoenstatt no Chile. Mario Hiriart é o caso pré-claro do Schoenstatt-chileno e da heróica fidelidade à aliança de amor e ao fundador, e que ele próprio sinaliza como "um futuro santo" e, mais tarde, Pe. Menninger lhe afirma como um exemplo "do 31 de maio vivido."

Os fundadores de Schoenstatt no Chile

Finalmente podemos resumir todo o exposto, e mais que a brevidade do presente artigo nos permite, que a marca ou a característica dos Cavaleiros do Santo Graal foi representar a fundação de Schoenstatt no Chile, em pormenor, com uma clara consciência de sua missão e da necessidade de uma rendição incondicional nas mãos de Maria para Ela executar o seu papel de co-redentora para o nosso tempo, usando-os seus instrumentos preferidos. Nossa juventude, com todas as suas fraquezas e pequenez, teve uma raiz, uma força e uma profundidade que foi incorporada na nossa vida de uma forma como uma família natural, enriquecendo o amadurecimento de nossas diferentes vocações para os diversos estados de vida, é claro que o sacerdócio, vida consagrada ou casamento, foram as formas de cumprir a nossa missão, com a mesma vocação à santidade e à evangelização e uma igual responsabilidade com a Igreja Apostólica, Schoenstatt e o mundo. Desta forma, estamos todos unidos, responsáveis e respeitando nossos próprios caminhos e o auto-desenvolvimento para todos quando a voz de Deus nos chama, para integrar a estrutura formal de Schoenstatt, estabelecido pelo fundador de acordo com as vocações e estados de vida de cada um, para dar os primeiros passos para o surgimento da Federação e do Instituto das Famílias.

Pode-se dizer que o início e desenvolvimento dessas comunidades que fazem parte da Obra de Schoenstatt, marcou, de alguma forma, o culminar dos trabalhos da fundação dos Cavaleiros do Santo Graal.

Origem e significado do ideal dos "Cavaleiros do Santo Graal"

Assim como cada membro de Schoenstatt orienta e regula as suas vidas através de seu próprio ideal, cada grupo resume as aspirações dos seus membros em uma comunidade ideal que permite a condução em sua luta pela conquista do ambiente e sua própria aspiração à santidade. No final de 1949 começou a surgir entre os membros do grupo fundador, a preocupação de encontrar um ideal para expressar o que eles eram. Pensando nos elementos do grupo, em um domingo pela manhã, perto do Santuário de Bellavista, o Padre Bento disse que a lenda do Santo Graal, inspirada pela cena IV do acto III da obra "Lohengrin" de Richard Wagner, indica a existência de um lugar distante onde havia um castelo e que este preservará um cálice sagrado que foi usado por Cristo na Última Ceia instituindo a Eucaristia e que os anjos deram ao cuidado dos homens mais puros a quem infundem um ardor e algo sobrenatural, seguros da vitória e que saem a recorrer o mundo para proteger o direito e a virtude e a servir os mais fracos e necessitados.

Toda sexta-feira da Semana Santa, os Cavaleiros retornam para o castelo como uma pomba cruzando o céu, para renovar o esplendor do cálice sagrado e também renovar seu compromisso com a missão de Schoenstatt.

O tema da lenda do Graal, incendiou os membros do grupo e nas semanas seguintes, veio a convicção de que haviam encontrado o conteúdo ideal para a produção de um belo símbolo que expressava: o santuário como Castelo do Graal, a Aliança Amor, o mistério do Santo Graal; Bellavista no sopé da montanha - seria o Graal da nova sede no Chile, a Mãe de Deus, seria a Rainha do Graal e da comunidade formada pelo grupo e os Cavaleiros do Santo Graal.

Algum tempo depois, o grupo fez sua bandeira para simbolizar o conteúdo de seu ideal: sobre um fundo branco, a silhueta do Santuário de sangue, no interior um cálice de ouro atravessado de cima a baixo por uma espada e sobre esta, o Espírito Santo. Esta bandeira foi abençoada em uma vigília de toda a noite no Santuário e dada a conhecer no dia seguinte em uma cerimônia com toda a geração fundadora do "Ver Sacrum", acampanhando o grupo em todas as suas cerimônias. A mesma bandeira original foi enterrada no dia 16 de outubro de 1965 junto à primeira cruz negra de Schoenstatt no Chile, Mário Hiriart, em sua tumba atrás do Santuário Cenáculo de Bellavista.

Trad. Mauricio Donoso, Chile