Posted On 2018-03-05 In Schoenstatteanos

Sendo ‘sal da terra e luz do mundo’ na delegacia

BRASIL, Joelma Melo •

Ser sal da terra e luz do mundo é uma missão desafiadora e inquietante, que pode se tornar ainda mais ousada dentro de um cenário de violência e dor, como é o caso de uma delegacia de polícia. Em meio a esse ambiente de dificuldades diárias, Joelma Melo encontra brechas para transmitir o amor de Deus. Ela pertence à União Apostólica Feminina de Schoenstatt. —

Ser sal da terra e luz do mundo! Sou Policial Civil no Rio de Janeiro, onde exerço a função de Inspetor de Polícia (antes denominado detetive) em uma delegacia distrital. Trabalho no plantão, atendendo todas as pessoas que procuram a delegacia, tanto para denunciar um crime, pedir informações, orientações, relatar perda de documentos, etc.

Logo que assumo o plantão, coloco meu pequeno Santuário ao meu lado (uma bíblia, a imagem da MTA, a Cruz da Unidade, o “Telefoninho” do Pai e Fundador e meu terço). Nesse momento me coloco à disposição da Mãe e digo, “Mãe, estou aqui, envia-me todos os que deseja que eu atenda e faça de mim seu instrumento”.

Cada plantão é uma surpresa, um desafio. Muitas vezes não sei o que dizer. O que falar para meninas que relatam terem sido violentadas sexualmente por um familiar, como pai ou avô, que deveriam protegê-las? O que falar para confortar aqueles que perderam filhos vítimas de homicídio ou acidentes de trânsito? Como explicar às vítimas de estelionato que será muito difícil recuperar a economia de uma vida inteira, perdida em um golpe? Como orientar o jovem que foi preso por envolvimento com tráfico, onde a família é totalmente desestruturada e o renega?

Estou aqui, conte comigo, vou te ajudar

Algumas vezes, apenas pequenos gestos, feitos com amor e sinceridade, podem ser suficientes para acalmar ou confortar, como segurar a mão, olhar nos olhos e dizer: “Estou aqui, conte comigo, vou te ajudar!” Então é isso que digo.

Tenho balas, lápis de cor, pequenos brinquedos no meu armário. Não é a instituição que me orientou a agir assim, tanto que sou a única na delegacia que tem essas coisas. Faço assim por que é meu dever como cristã, como consagrada: tratar o outro como gostaríamos de ser tratados é o mínimo que cada cristão pode fazer. Também porque sou Servidora Pública, ou seja, estou nessa função para servir! Sinto-me feliz quando penso que Deus Pai e minha Mãezinha dizem no meu coração “Essa é minha filha querida” e então sinto que causo alegria a eles.

Procuro sempre buscar soluções que vão além do trabalho policial, da investigação, como, por exemplo, encaminhar alguns casos para uma amiga assistente social ou para um psicólogo, ou até mesmo para um médico. Aconselhar a voltar para a escola, a aperfeiçoar-se na profissão. Fazer de cada atendimento uma oportunidade de ser diferente, de ser um feixe de luz em um momento de escuridão. De ser sal da terra e luz no mundo.

Sempre que percebo uma abertura, falo do quanto é importante a fé, ver a mão de Deus por traz dos acontecimentos. Algumas vezes entrego um cartãozinho com o endereço do Santuário aqui do Rio e faço uma prece no meu coração: “Mãe, cuida que essa pessoa te encontre, clarifica-te!”.

Nesses 15 anos como policial, também tive muitos momentos tristes. Quantas vezes voltei para casa com o sentimento de que não fiz o bastante. Que poderia ter falado algo e me calei. Quantas vezes me vi obrigada a calar, por medo. A sofrer com as críticas por ser “boazinha”, “beata”, por não agir com truculência. Por chorar com quem chora. Mas a Mãe tem cuidado de mim com muito carinho. Sempre a tenho por perto. Quando algo me angustia, rezo a Oração da Confiança (Confio em teu poder…). Quando não sei o que falar, rezo intimamente a Oração do Espírito Santo (Espírito Santo, Tu és a alma da minha alma…)

A Libertade interior

Procuro não perder o vínculo com o sobrenatural. Quando a delegacia está tranquila, ligo a TV às 18 horas, no canal da Canção Nova, para rezar o Terço com o colega de plantão. Domingo, quando consigo, no meu horário para o café da manhã, vou à Missa. Quando isso não é possível, por causa de flagrantes ou presos na delegacia, procuro assistir a Missa pela TV. Tudo para não perder a intimidade com Deus. Isso consegui por meio da influência do Pe. Kentenich. Ele me ensinou a ter liberdade interior. Ele me sustenta no trabalho e em toda minha vida. Na força da Aliança de Amor, consegui chegar até aqui.

Fonte: www.schoenstatt.org.br, com a permissão dos editores

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