Posted On 2016-06-25 In Schoenstatteanos

Nos 20 anos da beatificação de Karl Leisner

Mons. Dr. Peter Wolf •

Hoje, 23 de junho de 2016, cumprem-se 20 anos desde que o Papa João Paulo II beatificou Karl Leisner no estádio Olympia de Berlim. Nesse dia eu estive no estádio e recordo perfeitamente como, no início da celebração, o Bispo de Münster apresentou Karl com muito compromisso e entusiasmo, desviando-se ostensivamente do protocolo. Na sua homilia o Santo Padre citou textos do diário de Karl e mencionou a sua relação com Schoenstatt. “ Ainda antes de estar preso em Dachau, já tinha desenvolvido uma profunda veneração mariana, que tinha sido inspirada pelo Padre Kentenich e pelo Movimento de Schoenstatt. A audácia da sua fé e o seu entusiasmo por Cristo devem converter-se em impulso e exemplo, sobretudo para os jovens que vivem num ambiente que se caracteriza, em grande medida, por uma carência de fé e indiferença”.

Guitarra e hóstia sacerdotal

No contexto da sua beatificação, o curso Uniti Patri tomoua tomou a iniciativa de tornar presente o novo beato no nosso Santuário de Moriah. Antes da sua beatificação, tínhamos tido sempre, na capela de Dachau, a conhecida foto com a camisola do campo de concentração. O que impulsionava estes irmãos era a pergunta sobre como será representado o beato Karl Leisner no futuro. A iconografia cristã conhece há séculos a descrição de determinados atributos dos santos, com os quais podem ser reconhecidos. Mediante esta representação, os irmãos deste curso queriam entregar uma proposta para o futuro.

Durante a discussão surgiram dois atributos que se adequam magnificamente a Karl e à sua vida: a guitarra e e hóstia sacerdotal. Já na sua juventude e também como estudante de teologia, Karl dirigiu grupos e organizou acampamentos durante muitos anos e com um grande entusiasmo. Era capaz de entusiasmar e atrair outros, o que o colocou na mira da Gestapo. A sua guitarra era tão importante para ele, que inclusive pediu que lhe enviassem uma para o campo de concentração, para poder animar com ela os doentes e prisioneiros. A hóstia sacerdotal nas suas mãos representa o seu amor e entusiasmo por Cristo. Durante muitos anos sonhou em ser sacerdote e lutou pela sua vocação. Através do Bispo Gabriel Piguet, também prisioneiro, foi possível a sua ordenação sacerdotal.

Vencedor prisioneiro

Na escultura em bronze do artista Johannes Potzler, de München, representam-se, para além de outros dois motivos, que permitem ver a Karl na sua vinculação com Schoenstatt. Em primeiro lugar, na parte superior da obra encontra-se a inscrição: VICTOR IN VINCULIS. Corresponde ao ideal do grupo schoenstattiano ao qual Karl pertencia desde 1943 no campo de concentração. Estas palavras também se podiam ler no báculo do Bispo, que foi talhado para a ordenação no campo de concentração, e que o Papa segurou na sua mão durante a beatificação. À esquerda da escultura em bronze encontra-se o nome do nosso novo beato. O artista talhou este nome com a caligrafia de Karl. Assim, o seu nome aparece como uma assinatura sobre uma folha em branco. Isto recorda o poder em branco que o seu grupo schoenstattiano do seminário em Münster tinha realizado desta forma, no Santuário Original em Schoenstatt. Karl sempre compreendeu a sua prisão e o seu estar prisioneiro no contexto deste “cheque em branco” dado à Virgem Santíssima. Isto é para mim um sinal eloquente de que Karl Leisner chegou a ser beato, fundamentalmente, a partir da espiritualidade schoenstattiana. Que este aniversário da sua beatificação seja para nós um convite a esforçarmo-nos constantemente por esta predisposição e doação total, da qual vivia o nosso beato Karl Leisner.

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Foto: P.  Benjamin Hoch

Original: alemão. Tradução: Maria de Lurdes Dias, Lisboa, Portugal

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