Posted On 2017-07-11 In Vida em Aliança

“Questões de Gender” – entre feminismo e feminilidade

ITÁLIA, Chiara Lombardi •

Finalmente um tépido raio de sol estival espreita sorrateiramente por entre as árvores do grande jardim do Santuário de Schoenstatt em Roma. Estamos a 17 de Junho e o calor já está à porta. O torpor que abandonamos depois do longo inverno, todavia, não é só físico. Despertam-se também as consciências, sepultadas por tarefas e estudos universitários extenuantes. Por esta razão, muitas raparigas, nesta quente tarde estival, estão prontas a ouvir a Drª Marta Rodríguez, Consagrada do Regnum Christi, Directora do Instituto de Estudos Superiores sobre a Mulher do Ateneo Pontifício Regina Apostolorum e responsável da Secção Mulher do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, convidada pela Juventude Feminina de Schoenstatt como relatora na reunião “Questões de Gender”. A ocasião é grande: poder-se confrontar, sorriso na mão, com argumentos tão difíceis quanto debatidos: Gender, feminismo e feminilidade e ser guiadas neste mare magnum de informações diferentes através de sendas, na maioria dos casos, desconhecidas.

Mulher, Homem, Gender, Identidade sexual, liberdade

A Drª Rodríguez com arreganho seguro e modo sereno e complacente, desde o princípio, se  pôs à disposição para um interessante confronto. Ao princípio foi difícil dar forma aos conceitos de Mulher, Homem, Gender, identidade sexual, liberdade. Muitas de nós reconhecíamos nestas palavras argumentos tabú: demasiado intuitivos para serem identificados, demasiado relativos para serem descritos, demasiado pessoais para serem confiados. Mas foi suficiente um pouco de boa vontade para romper o gelo e a reunião iniciou-se por si mesma, na curiosidade geral. Mãos no ar e tantas perguntas. Marta conduziu-nos num mundo desconhecido, rico em ideologias e exemplos de vida históricos, algumas vezes bastante revolucionárias, explicando-nos as diferenças e semelhanças, contando-nos a verdadeira história por detrás dos grandes movimentos feministas do século XX e as vidas de algumas das mulheres mais capazes do século passado.

Às perguntas “o que é a feminilidade, o que responderias? O que é que te define como mulher, o aspecto ou a percepção do teu corpo e a dos outros? Em que é que te torna o que és ou sentes ser?”Conseguimos dar um rosto a algumas das palavras mais usadas (e abusadas) dos últimos anos dando-nos conta do poder dos “termos” saber o seu verdadeiro significado torna-nos livres das ideologias e permite-nos dar a nossa interpretação com base naquilo que o nosso coração católico nos sussurra. Por exemplo, como conjugar a presença de um género “indeterminado” com o ser homem ou mulher criados à Imagem e semelhança de Deus? Difícil dar uma resposta pontual a esta pergunta mas, foi precisamente sobre estes e outros pontos que a discussão se tornou ainda mais interessante. Tantas as mãos levantadas, quantas as opiniões das raparigas sentadas a ouvir.

Mas constatámos que, no fim de cada possível discussão, uma coisa apareceu como certa: o corpo guia-nos. A Dr.ª Rodríguez forneceu-nos alguns elementos de reflexão que nos levaram, efectivamente, a perceber como Deus nos dá a possibilidade de compreendermos que aquilo que nos foi dado ao nascer nos torna únicos e nos direcciona para o homem ou a mulher que seremos (e queremos ser). A igual dignidade de cada classificação colide, necessariamente, com a que é a nossa natureza original (de origem), o nosso invólucro sagrado.

No fim do encontro os semblantes de quase todas nós tinham-se transformado, foi um momento apaixonante, no qual nos sentimos na linha da frente. Não saberei, em realidade, dizer claramente a que conclusões chegámos, porque a beleza do nosso debater não foi o definir o que era certo e o que estava errado, mas somente o Conhecer. Sim, Conhecer com maiúscula. Estes debates, de facto, aproximam a mente do coração e levam-nos, de novo, ao que é, verdadeiramente, importante: “Considerai a vossa origem. Não fostes criados para viver como animais, mas para tentar alcançar virtudes e conhecimento”.

“Advogada nossa”.

Mas tudo isto não podia ser concluído sem um agradecimento Àquela que “Advogada nossa” gentilmente, todos os dias, nos sussurra para sermos as mulheres e os homens do nosso século com o olhar e o coração voltados para Deus. Separámo-nos, pois, por alguns minutos, com felicidade, para meditarmos no nosso interior sobre quanto tinha sido dito anteriormente e, a seguir, fomos para o nosso adorado Santuário, onde (com a cumplicidade da Virginia e da Alessia) saboreámos um momento de partilha: a Mater, um jarro cheio de água e algumas pedras como Capital de Graças. Simbolicamente, cada pedra era uma tarefa nossa, um nosso agradecimento à Mater. No meu caso, foi um propósito: fazer que, as ocasiões de conhecimento e de aprofundamento do que nos rodeia possam ser um motivo para começarem a aparecer novas raparigas e para o próprio Movimento de Schoenstatt. Agitar as consciências, nas mãos de Deus, faz mover o mundo.

Original: italiano (10/7/2017). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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