Posted On 2017-05-01 In Vida em Aliança

Zanguei-me tanto com Deus…

Argentina, Marisol Gianotti •

“Igreja em saída depois da Páscoa” foi o título de uma conferência na Sala Paroquial em Pehuajó, diocese de Nueve de Julio, na sexta-feira, 20 de abril. Durante a exposição, motivaram-se os presentes a partilhar sobre os momentos de cair na tentação de se conformar com o facto de que todos os sonhos terminaram num suposto fracasso, e ficar triste, desesperado, zangado em frente ao túmulo – e quais foram as experiências pascais que nos animaram a seguir em frente e nos motivaram a continuar o caminho. Nesta partilha, Marisol Gianotti deu um testemunho que agora oferece a todos os irmãos em Aliança.

“Há uns anos, o meu marido adoeceu com um cancro, em estado terminal. Durante a doença, que durou 3 meses, zanguei-me muito com Deus e com Jesus. Não conseguia perceber porque é que ia perder o meu marido, excelente pessoa, com apenas 46 anos.

Nossa Senhora foi o meu refúgio, só falava com Ela. Pedia-lhe que salvasse o meu marido. A minha zanga com Deus era porque O questionava. Porque é que o meu marido tinha de morrer, se estavam as cadeias cheias de presos: delinquentes, violadores e assassinos… que escolhesse um deles. Era tanta a minha dor, que cheguei a dizer a Deus que não queria ter mais a Bíblia nem o Terço.

Passaram três meses, o meu marido faleceu, mas continuei a falar com Nossa Senhora. Um dia fui à Igreja e, depois de muito falar com o Pe. Padre Guillermo Gómez, comecei a percorrer o caminho da fé, obviamente muito ligada a Nossa Senhora.

A “Palanca” dos presos

O Padre convidou-me a fazer um retiro com várias senhoras da comunidade e assim entrei no Movimento dos Cursos de Cristandade.

No primeiro dia do retiro, entrou o sacerdote que orientava o retiro e disse-nos: “Por favor, leiam esta Palanca”. (Chama-se “Palanca” às orações que muitas pessoas de diversos lugares oferecem pelos que estão a fazer o retiro). Quando comecei a ler a Palanca, vi que era dos presos da cadeia de Trenque Lauquen, que rezavam por nós.

Foi grande a minha surpresa! Assim Nossa Senhora mostrou-me que Deus não me tinha abandonado. Depois, com o tempo, entendi que a morte do meu marido tinha tido um sentido: conhecer Jesus.

Sinto que Nossa Senhora me resgatou da dor, mostrou-me que podia continuar em frente. Custou-me mas fui pelo outro lado, pelo caminho da fé!

A mão de Jesus e de Nossa Senhora, perante o tubo vazio…

Contando isto, lembrei-me de outra experiência familiar:

O nosso filho mais velho, que vivia em Buenos Aires, estava a organizar o seu casamento com um ano de antecedência. Os médicos diziam-me: “Não cancelem o casamento porque é o único motivo ou projeto que o seu marido tem para viver”. Foi horrível, estava eu com o meu marido internado e os rapazes a irem buscar forças não sei onde, para continuar com os preparativos da boda.

Eu tinha que ser a madrinha da boda. Então, a minha irmã tirava me as medidas do vestido no hospital. Trouxe-o para o provar. Quando o meu marido me viu, disse-me: “Estás linda!”.

Aproximava-se a data do casamento, tínhamos que viajar até Buenos Aires. Então, falei com o médico para que me desse todas as instruções de medicação. Entre outras coisas, tínhamos que levar um tubo de oxigénio. Conseguimos um pequeno, de ambulância, para que pudesse caber no carro.

Graças a Deus, passou o casamento, e vimos como o meu marido se pôde despedir de toda a família e voltámos para Pehuajó.

Poucos dias depois, o seu estado começou a piorar e precisava de oxigénio várias vezes ao dia. Então, uma tarde disse-me: “Não faças força com o tubo grande, traz o pequeno”. O meu filho armou-o, colocou-lhe a máscara e quando abriu o tubo pequeno que tínhamos levado para Buenos Aires,… estava vazio! Pelo que, se tivesse-mos precisado dele numa emergência durante a viagem, não poderíamos usá-lo…

Deus, Nossa Senhora, Jesus e todos os anjos do Senhor estiveram sempre connosco.

Conferencista: Maria Fischer

Fotos: Susana Hernández

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