ITALIA, Roma – Belmonte, Maria Fischer •
“Na verdade, deveríamos ter adiado a data e todos nós deveríamos estar na praça São Pedro”. Os organizadores se deram conta muito tarde de que o primeiro domingo de setembro, data tradicional do encontro anual da Família de Schoenstatt italiana, coincidiria este ano com a canonização da Madre Teresa de Calcutá. Um sentimento de certo pesar em muitos deles e menos participantes que em outros anos, especialmente dos habituais convidados da igreja a nível mundial em Roma, foram os sinais visíveis do erro de ser no dia 4 de setembro. “Futuramente, imagino que aqui em Belmonte acompanharemos e celebraremos de forma mais ativa estes acontecimentos”, assim disse o futuro superior Pe. Marcelo Adriano Cervi, “sentir, celebrar, agradecer, sofrer com a Igreja: Belmonte também está para isso! ”.
Toscana chegou com bandeira
O encontro, com o qual iniciou o trabalho de Schoenstatt depois da pausa do verão, teve neste ano alguns momentos especiais: esteve presente a Auxiliar da Europa, a que a partir deste domingo novamente visita a Itália; o futuro superior de Belmonte – Pe. Marcelo Cervi – que deu uma palestra; pela primeira vez participaram pessoas do norte da Itália, de Trento; estiveram presentes Terezinha e Nivaldo Abram, do Brasil, a primeira “Família Custodia” de Belmonte e Davide Russo transmitiu ao vivo, através do Livestream do Facebook todo o evento.
E logo chegaram os participantes vindo de muitos lugares da Itália. A delegação da Toscana se destacou, pois trouxeram uma linda bandeira com a imagem da MTA. Muitos chegaram de Roma e região, e um considerável grupo chegou desde Apulia. Mais de uma dúzia de imagens da Mãe Peregrina foram colocadas sobre pedestais, no hall de entrada da Domus Pater Kentenich e formaram um lindo telão de fundo para as palestras e testemunhos que ali foram dados.
Internacional e com muitas histórias
Roma é o centro da Igreja mundial e os encontros da Família de Schoenstatt italiana têm se caracterizado sempre por sua internacionalidade. Pela primeira vez, participaram Gisela Ciola com seu esposo Paolo. Ela é argentina que emigrou há muitos anos e desde sua pátria trouxe Schoenstatt e a Mãe Peregrina. E agora surge Schoenstatt em Trento e Gisela buscou neste encontro pessoas que lhe ajudassem a preparar a Aliança de Amor a outras pessoas. O Pe. Valentino, do Uruguai, que atualmente está estudando em Roma: ele selou sua Aliança de Amor no Santuário da Nova Helvecia. Conheceu Schoenstatt quando começou a trabalhar em uma paróquia onde havia um grupo muito vital da juventude schoenstattiana. “Me convidaram para celebrar com eles a missa da aliança, a abençoá-los quando selaram sua Aliança de Amor, presentearam-me livros de Schoenstatt… e me convenceram e me ganharam para Schoenstatt!”. Também estava presente uma senhora do Equador que vive por muitos anos na Venezuela e pediu orações por seu país que tanto sofre. Estava entre eles também o Pe. Rolando Montes, cubano e sacerdote da União de Sacerdotes Diocesanos de Schoenstatt, que esteve na parte da tarde – assim que chegou na porta de entrada lhe pediram para escutar confissões. “É a primeira confissão que escuto em italiano”, disse meio inseguro. Tinha acabado de chegar em Roma há duas semanas. “Não se preocupe”, disse-lhe a pessoa que queria se confessar. “Eu sim falo italiano e realmente quero me confessar”. O Padre Rolando não saiu do improvisado confessionário por um bom tempo, já que rapidamente correu a notícia de que neste dia tinha a possibilidade de se confessar.
No final do encontro houve um simples “envio missionário” no santuário. O Pe. Rolando havia deixado sua Peregrina em Cuba, pois as pessoas estavam precisando dela ali. Um missionário da Mãe Peregrina dos pés à cabeça sem a Peregrina? Durante a missa, a Mãe Peregrina tocou tão forte o coração de uma missionária que a pequena Peregrina, que há alguns dias se encontrava no santuário (da modalidade de bebês em risco de vida), mudou de dono (ou seja, de missionário) durante os próximos três anos.
A missão de Belmonte
O Pe. Marcelo Adriano Cervi, futuro superior de Belmonte, falou na sua palestra sobre o convite do Santo Padre para ser uma Igreja em saída, de encontro às pessoas, e que Belmonte também vê aqui sua missão. E isto tem a ver com o Padre Kentenich, com Belmonte e com a Igreja.
- O Padre Kentenich, como disse o Pe. Cervi, ele presenteou à Igreja não só o amor a Maria, mas também uma nova visão de uma ativa fé na Divina Providência. Hoje em dia não basta simplesmente crer: deveríamos crer em Deus misericordioso e pessoalmente, que tem relação concreta com minha vida. O fato o que José Kentenich experimentar não ter pai, isto lhe deu a missão de vida de ser pai para muitos: e não só uma ideia de paternidade, mas sim um pai de verdade, um pai espiritual, real. No campo de concentração de Dachau, ele possibilitou que os sacerdotes chegassem a sonhar, sonhar com um novo mundo ali, justo ali, fundou a Família Internacional de Schoenstatt, já que Schoenstatt deveria ser um movimento não só para a Alemanha, mas para todo o mundo. A Igreja não o entendeu durante muito tempo, inclusive lhe enviou durante 14 anos ao exílio e mesmo assim, ele queria que em seu túmulo fossem gravadas só duas palavras: Dilexit Ecclesiam, amou a Igreja.
- Belmonte é um presente de todo o Movimento de Schoenstatt ao Padre Kentenich depois de seu regresso do exílio. Mas não se trata só de um santuário e uma linda casa, mas do símbolo da missão de Schoenstatt para a Igreja, da tarefa de oferecer à Igreja a originalidade de Schoenstatt e de servi-la desta maneira. Neste ponto, é impressionante a visão de Kentenich sobre a Igreja: uma Igreja mais simples, mais humana, mais solidária, uma Igreja que sai da sua zona de conforto, que quer estar onde as pessoas vivem, na miséria material e humana. Mas como que a Igreja fica sabendo sobre o que Schoenstatt pode oferecer? Com certeza não é através de anúncios comerciais. Mas ao experimentar a atitude, livre da inveja e ânsia pelo poder que se vive nas comunidades, e como o trabalho das diferentes comunidades de Schoenstatt funciona e cria sinergias, dando uma ideia de como realizar uma Aliança Apostólica Mundial, ou seja, trabalhar em conjunto com todas as forças apostólicas para o bem das pessoas
- Uma Igreja para o homem de hoje, com o homem de hoje, foi o grande desafio que o Pe. Kentenich já identificou neste tempo e é o mesmo desafio que tem o Papa Francisco. Hoje em dia, a sociedade já não é, com certeza, cristã. Alguns reagem frente a isso com uma tendência de se isolar e com atitudes rígidas. Esta não é a atitude de Schoenstatt, mas sim a de oferecer às pessoas a verdade de Deus com alegria e com uma nova linguagem e novas formas. A Aliança de Amor é a medicina das pessoas: para aqueles que não encontram um sentido é oferecida a fé prática na Divina Providência; para aqueles que constroem muros e que não vivem a solidariedade ou não a experimentam, está a cultura da aliança; e para aqueles que se afundam no materialismo, a verdadeira alegria de viver.
Um ideal muito elevado para nós? Não, de forma alguma, disse o Pe. Marcelo, e fez referência à Madre Teresa de Calcutá e sua grandeza na escuridão da fé, e a Dom João Pozzobon, que recebeu a “graça de compreender a origem”.
Uma Missa radiante
Depois do almoço e durante a oração do terço que foi feito na casa devido ao calor sufocante, chegou cada vez mais gente. Muitos deles estiveram de manhã na canonização e compartilharam um pouco deste acontecimento radiante, um dos aspectos mais destacados deste Ano Santo da Misericórdia. O breve testemunho do casal Abram e do vídeo em italiano sobre Joao Pozzobon fizeram parte do outro programa.
A Missa foi concelebrada por cinco padres pertencentes às quatro comunidades sacerdotais de Schoenstatt, vindos de cinco países, acompanhados por um coral e um grupo de música dirigido pela Irmã Giulia: o Pe. Daniel Lozano, celebrante principal, o Pe. Marcelo Cervi (Instituto), Pe. Rolando Montes (União), Pe. Heinrich Walter (Padre de Schoenstatt) e Pe. Valentino (Liga). Argentina, Brasil, Cuba, Alemanha e Uruguai.
“Somos instrumentos que Deus utiliza como Ele o necessita, especialmente com nossa fraqueza humana”, explicou o superior Pe. Daniel Lozano no sermão e lembrou que a Rainha de Belmonte nos ajuda no santuário a sermos discípulos e apóstolos do Senhor.
Ali, no santuário, o encontro terminou com a bênção e a renovação da Aliança de Amor… apesar de não ter finalizado por completo, pois ainda viria algo importante: este prolongado e relaxado momento de conversar e trocar experiências, que se chama “despedida”.
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Fotos: Maria Fischer, Davide Russo
Original: alemão. Tradução Isabel Lombardi, Guarapuava – PR, Brasil