Franz Reinisch

Posted On 2018-02-08 In Projetos

“Franz Reinisch me conquistou”

ALEMANHA,  Gabinete de Imprensa do Bispado de Würzburg / Markus Hauck e redação •

Ha duas semanas atrás, relatamos pela primeira vez nesta seção sobre o “Musical sobre um homem  íntegro ”  Graças ao anúncio do Pe. Armin Haas, da Federação dos Sacerdotes de Schoenstatt e ao material do decano regional, padre Martin Emge, do Instituto de Sacerdóctes Diocesanos de Schoenstatt, apareceu  um artigo sobre o herói deste musical: o Padre Franz Reinisch, uma pessoa que, durante o nazismo, foi tão integra como perigosa, tão inconformado como incômodo, tudo pela sua paixão pela liberdade e sua fidelidade à consciência. E isso é incômodo e perigoso, e não apenas para os nazistas.

A continuação , uma entrevista realizada, pelo gabinete de imprensa do bispado de Würzburg (OPW) ao compositor e poeta Wilfried Röhrig, que conta o que o impressionou sobre esse padre que  morreu  por  se  recusar a prestar juramento de lealdade  a Hitler, o quê o motivou escrever  um musical e por que será a estréia em Bad Kissingen.

OPW: O Sr. escreveu um musical sobre o Padre palotino  Franz Reinisch, que era o único padre que se recusou a prestar juramento  de lealdade a Adolf Hitler durante o chamado Terceiro Reich. Como surgiu  a idéia?

Wilfried Röhrig: foi a tenacidade de um admirador de Reinisch, que deu o pontapé inicial: Franz-Josef Tremer, de Fuchsstadt. Ele me ligou várias vezes,  me enviou e-mails e insistia que eu tinha que escrever um musical sobre Franz Reinisch.  Realmente,ele  não me deixou  em paz  até que em algum momento eu disse: OK, eu vou pesquisar  em um par de livros, ler artigos e então e então, depois  vou te informar. Eu só tinha uma coisa clara: só vou fazer isso se estiver convencido de que   um projeto como este pode ser  lançado. Tem que me conquistar  interiormente, caso contrário, não funciona. E quanto mais eu leia, quanto mais me aprofundava, mais me conquistava. Especificamente: era ele, Franz Reinisch, quem me conquistava.

OPW: a estréia será no dia 14 de abril no Kurtheater em Bad Kissingen. Por que precisamente lá?

Röhrig: 21 de agosto de 2017 foi o 75º aniversário da morte de Franz Reinisch.  Estrear o musical ao redor desta data, não foi possível. Olhando o calendário, procurando uma data, ocorreu-me  o dia 14 de abril e pensei: isso encaixa! Em 15 de abril de 1942, Franz Reinisch deveria começar seu serviço militar no departamento local  de saúde, de acordo com o aviso de convocação no quartel de Bad Kissingen. Ele se apresentou  propositalmente, um dia depois (“Este regime não tem porque me dar ordens!”) E deixando claro em sua chegada que ele não prestaria o serviço e que ele se recusaria a prestar juramento de lealdade a Hitler. Assim, ele começou – falando, de maneira teológica – sua via crucis, que terminaria com  sua execução em Brandenburg-Görden. Franz-Josef Tremer e Pe. Armin Haas entraram em contato com a Staatsbad GmbH em Bad Kissingen, (o organismo dos programas culturais) e encontraram aí, ouvidos abertos para o projeto. Eu mesmo visitei o lugar no ano passado. O Kurtheater, o teatro municipal, está localizado  no caminho que  sobe desde a estação para os  antigos quartéis. Embora não esteja explicitamente documentado: Franz Reinisch passou pelo Kurtheater.

OPW: Reinisch foi condenado à morte pelos nazistas e morreu decapitado em 1942.  Por que o Sr. pensa que esta questão é ainda atual, nos dias de hoje?

Röhrig: trata-se, em última instância, da diferença entre “existir” e “viver”. Aquele que somente existe, coloca sua bandeira onde o vento sopra e salva sua cabeça. De alguma forma, ela flameja e sempre cede. Aquele que vive, defende suas convicções.

No musical, aparece a frase “Amor, liberdade e integridade  não são a custo zero”. Este é para mim o núcleo da história de Reinisch.

Mas o enredo do musical não está apenas na postura íntegra de Franz Reinisch e sua recusa em prestar juramento de lealdade a Adolf Hitler. Surge toda uma história de vida de Franz Reinisch aparece, a “pré-história”, com a infância e juventude turbulenta, a descoberta de sua vocação sacerdotal, seus altos e baixos, sua coragem e suas dúvidas, a questão sobre a origem de sua força, sobre os camaradas. Em algum momento, eu percebi que a vida Franz Reinisch, pode ser uma folha, na qual posso ler  minha vida, ou a  nossa vida.

OPW: o que você quer dizer?

Röhrig: Se trata de um catálogo completo de perguntas, que, individualmente,  interpelam a cada um. Qual é a minha vocação e como a descubro? Como me posiciono frente às propagandas, à falsa notícia, (as fake news)? Como lido com tendências populistas? E a pressão social para me adaptar? Que acontece com  a  liberdade e autodeterminação? Que papel desempenha minha consciência? Sou sensível à minha voz interior, a voz da minha alma? De onde eu tiro forças para seguir meu caminho? O que tem  a fé com a  política,  os  processos e o desenvolvimento social? Que acontece com a obediência às autoridades civis e eclesiásticas? Como gerencio meus limites? O que significa “acompanhamento”, “entrega”, “sacrifício”? Qual é a nossa tarefa aqui e agora?

OPW: O assunto parece difícil. Por que vale a pena ver o musical?

Röhrig: Você tem razão, não é um programa ” light”, sendo o que, em geral, se associa ao conceito de “musical”. Para mim, é importante colocar em cena, juntamente com o texto, a música e o canto; também elementos de dança. Por  isso, a forma de apresentação é um “musical”. Por outro lado, uma pergunta básica: como se mede a importância de assistir  ou não  a um musical? Para mim, um musical exitoso leva o público a uma viagem, oferece pessoas, cenas, músicas, estados de animo e superfícies de projeção ao próprio mundo interior. Franz Reinisch e sua história, provocam, ressaltam  e promovem sua atitude  íntegra, produz aceitação ou protesto. Para qualquer um que  possa ou queira  envolve-se, a ida ao musical e o efeito que ele possa causar, sem dúvidas, será um  lucro. Estou realmente expectante de como receberão os espectadores o musical e desde já,  me alegro com o “feedback”, com o retorno.

Sobre a pessoa

Wilfried Röhrig, nascido em 1955, é compositor, poeta e músico de Viernheim. Ele está casado e tem cinco filhos. Professor de  religião católica e esportes na escola San Alberto Magno em Viernheim. Röhrig esta comprometido eclesiasticamente, entre outras coisas, com  o projeto “Spurensuche” (Procurando pegadas), no trabalho com famílias, bem como no círculo “Kontrapunkt”. Neue Geistliche Musik “(Contra pontot, Nova Música Sacra), da diocese de Maguncia. Como poeta e compositor, ele tem numerosas músicas cristãs, operetas e musicais publicados na editora Rigma-Musikverlag ( http://www.rigma.de ).

Original: Alemão 27.1.2018. Traducão: Glaucia Ramirez, Ciudad del Este-Paraguai

Um ponto de exclamação contra todas as formas de oportunismo e adulação

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