Posted On 2015-11-25 In Projetos

Cultura de aliança: una nova forma de comunicação, de negócios, de relações entre empresários e empregados

MÉXICO, CIEES, por Maria Fischer •

“Que grande mensagem para o CIEES neste momento”, escreve Carlos Barrio, Presidente do CIEES de Argentina no grupo de Whatsapp do CIEES internacional, referindo-se ao discurso que o Papa Francisco dirigiu em sete de novembro na Praça de São Pedro a 23.000 pessoas, membros do Instituto Nacional de Previdência Social Italiano (INPS), destacando a importância do direito ao descanso, a pensão por aposentadoria, a assistência maternidade, entre outros direitos vinculados ao exercício do trabalho, ”baseados na natureza da pessoa e sua dignidade transcendental”. Coincidentemente, ou como costuma dizer Alexandre Peixoto do CIEES Brasil, “deuscidentemente”, no mesmo momento a uns 10.000 km de distância e motivados por inquietudes semelhantes, iniciava o III Congresso Ibero-Americano de Empresários e Executivos Schoenstatteanos (CIEES) em Monterrey, México. “Agrego una reflexão/pergunta generosa para meditar: se estamos convencidos que a família deve incluir-se na empresa “kentenichiana”, me pergunto: Como deve ser um “salário orgânico”? Deve guiar-se apenas pelo que diz o mercado, se o valor de mercado é insuficiente para viver com dignidade e se a empresa é rentável e tem lucros?” – Um tema que interpela e abre horizontes, tal como aconteceu durante todo o congresso, no qual com clareza como poucas vezes brilhava o conceito da cultura de aliança, mas não como slogan de moda tão frequente e em perigo de desgastar-se por uso inflacionário, mas como conceito de interpelação.

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Oração de abertura, equipe CIEES México

Cultura de aliança: implantar o paradigma cristão no mundo de negócios

Quem colocou todo o congresso sob o desafio da cultura de aliança não foi um membro do CIEES. Foram duas pessoas, na realidade: o Papa Francisco em sua mensagem a Schoenstatt e suas mensagens ao mundo empresarial justamente antes, durante e depois do congresso, e Mons. Rogelio Cabrera López, arcebispo de Monterrey. No seu sermão da Missa de abertura no Clube Industrial de Monterrey, na sexta-feira de manhã.

“O Evangelho nos há mostrado o que acontece no mundo dos negócios: a corrupção. Apresenta-nos a um administrador corrupto, mas ao mesmo tempo muito hábil. E isso é precisamente o que acontece no mundo. Todos nós queremos respeito às leis, mas no fundo existe um contra- valor”, disse. “O Senhor apresenta uma crítica aos crentes. Se no mundo existe habilidade nos negócios, por que, quando se trata de propor o paradigma cristão, se esgota a capacidade de implantar no mundo um modelo cristão na forma de fazer os negócios”.

Referindo-se ao tema de cultura, destacou: “Há muito tempo na Igreja se está falando de cultura para destacar que a vida cristã e social não podem ser visitas de forma fragmentária, mas que a cultura é a capacidade de estabelecer relações harmoniosas com Deus, com os demais e com a natureza.

Vocês são cristãos que creem que a vida pessoal e a social não podem estar desvinculadas, pois quando um empresário esquece seu vínculo com Deus, acaba arrasando toda atitude moral.

O que nos mantém no caminho correto é manter o vínculo da fé. Deus se torna assim o fundamento da vida humana e social”.

Assumindo o tema da cultura de aliança como lema do congresso, disse: “Nesta cultura da aliança há uma vinculação que não pode romper-se. Por isto a Igreja exige e salienta que não pode haver alguns com um lugar de destaque e outros que sejam excluídos.

Quem crê na teologia da aliança não pode aceitar que existam grupos excluídos; quem crê na cultura da aliança se sente forçado a dialogar com os outros. Nunca poderá considerar os demais simplesmente como súditos de um negócio.

Em Cristo chegamos à plenitude da Nova Aliança. Ele é a expressão mais bonita da Aliança do Senhor.

Nenhum crente pode estar contente somente em olhar para si mesmo e buscar seu próprio êxito. Não se pode pensar apenas na ganância e no dinheiro, mas também nas pessoas.

Deus faz uma aliança interpessoal. Não há nada como apostar na interação humana, onde fazemos o possível para que ninguém seja excluído de uma vida digna, como Deus quer.

Nesta Aliança nos sentimos também vinculados com o meio ambiente. Por isso a Igreja nos convida a pensar na dimensão ecológica. Não podemos contaminar mais o meio ambiente.

Hoje São Paulo diz, ‘vocês podem aconselhar-se mutuamente porque Deus lhes dá a sabedoria para fazê-lo’. Que o Senhor lhes dê ânimo e alegria para seguir adiante.

Deus os abençoe”.

Cultura do encontro é cultura de aliança, que cria solidariedade. A mensagem de Francisco ao Movimento de Schoenstatt. “Damos de presente um livro da audiência”. Sabendo que depois da Missa o arcebispo deverá sair imediatamente, Maria Teresa Ramírez, gerente da Editorial Nueva Patris, corre para alcançá-lo ainda na procissão de saída. Consegue entregar o livro, já presenteado a tantos bispos e ainda desconhecido por tantos schoenstatteanos. “Alegrou-se muitíssimo”, ela comentou: “Agradeceu-me o precioso presente com tão importante mensagem”.

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Um novo paradigma: a reconciliação entre família e trabalho

Entre exposições de casos reais e discursos temáticos fundamentais se desenvolveu o congresso com seus mais de 130 participantes, entre empresários e executivos do CIEES de 10 países e convidados de outras iniciativas schoenstatteanas (IKAF de Suíça/Alemanha) e cristã (His Way at Work, UNIAPAC). A empresa Synchro de Brasil com seus oratórios, muitos funcionários com aliança de amor e sua generosa contribuição no apoio informático à Campanha da Virgem Peregrina; a Editorial Nueva Patris com sua contribuição levando a mensagem pedagógica do Padre Kentenich para o mundo fora de Schoenstatt através de livros físicos e eletrônicos; o Santuário de Trabalho vivo na empresa de assessoria de negócios Inmatra – cada uma das contribuições com um potencial imenso não para imitar, mas para inspirar, motivar e aplicar em outros ambientes, com espírito de criatividade e liberdade.

Carolina Dell’Oro, de Chile, casada e com seis filhos, filósofa e professora de Filosofia da Pontifícia Universidade Católica de Chile, Sócia Diretora da Consultora Concili, docente na Universidade de Los Andes, e participante de diversos cursos na Pontifícia Universidade Católica de Chile, propôs com paixão e clareza nada mais e nada menos que uma troca de paradigma nas relações entre trabalho e família: a reconciliação integral entre ambos os entes, com iniciativas que incluem desde horários flexíveis, berçários, licença por maternidade, salários justos, até fazer da família referentes de máxima importância, tal como os stakeholders ou ainda mais. No basta, diz, que as empresas mantenham uma lista de benefícios: “o que importa verdadeiramente são os critérios que cada organização tem, quer dizer, está bem ter os benefícios, mas devem estar alinhados com a razão da empresa”. A esse respeito, Dell’Oro propõe três tipos de organizações na hora de conciliar família e trabalho. As primeiras são as que dão a seus funcionários os benefícios que a lei lhes obriga, é dizer, licença maternidade, berçário, entre outros. O básico para não cair na “ilegalidade”. As segundas são as chamadas cultura pro conciliação, onde os filhos não se chamam “cargas” e existe a capacidade de entender que a família é parte fundamental do funcionário e que o fato dele sentir-se tranquilo no âmbito familiar, o ajudará a melhorar suas habilidades laborais também.

Finalmente estão as empresas que optam pela co-construção e o protagonismo como conceitos chaves. O primeiro refere-se a que são as pessoas, junto com a organização, as que desenvolvem as políticas ou benefícios que desejam ter, já que elas sabem melhor que ninguém quais são as reais necessidades na hora de conciliar trabalho e família. Sabe concretizá-lo: “A chave para conciliar família e trabalho são as prioridades. A primeira coisa na vida das pessoas é sua família e seus filhos, o que não significa que não dedique tempo ao trabalho, mas que tem que priorizar. Tem que planificar, respeitar os tempos e distinguir os espaços. Eu proponho que as escolas deem espaços de correção, que não enviem e-mails aos professores às 9 da noite. Se eu como coordenador necessito alguma coisa para a manhã seguinte, tenho que a prever às 4 da tarde, mas não posso estar chamando a noite, porque se estará rompendo o respeito aos espaços. Assim também as relações familiares não devem interferir no trabalho, exceto em caso de uma emergência. Não é lógico que um professor responda qualquer coisa a um filho enquanto está em sala de aula.

Revolução? Sim, com toda força. Foi uma pena que não houvesse tempo para discussão…

 

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A empresa, lugar de trabalho criador de vida

A manhã de sábado foi toda dedicada as apresentações de Peter Freissle, sul africano e fundador de His Way at Work (HWAW), uma iniciativa vinculada ao Movimento Regnum Cristi, com a missão de equipar e incentivar líderes empresariais a transformar sua cultura de trabalho à Luz de Cristo. Palavras chave: Empresas consagradas, diferença decisiva: o tratamento aos empregados. Foram complementados por outros empresários vinculados a HWAW, entre eles os sócios de Synchro, onde buscam uma sinergia entre os conceitos de HWAW e Schoenstatt.

Carlos Barrio e Lipperheide, autor do livro “Viver organicamente a empresa”, e de dois livrinhos preciosos sobre a vida de oração no trabalho e o trabalho na vida de oração, em sua conferência programática propôs uma contribuição original e desde o carisma do P. José Kentenich, e na linha da Evangelii Gaudium e Laudato Si: “a grande pergunta que há tempo me faço é: o que podemos contribuir de original desde nossa mirada kentenichiana para as empresas?

Existe algo “nosso” para dizer e desenvolver ou devemos nos resignar a buscar em outras fontes e inspirações o modelo de empresa e seu trabalho?

Não temos nada novo que dizer e contribuir?

Devemos ser bons católicos, ser fiéis cumpridores de nosso dever de estado, nos consagrar à Mãe e trabalhar honestamente e nada mais?

Existe algo próprio nosso que possamos contribuir para as empresas?

Eu creio profundamente que temos uma “boa nova” para contribuir ao mundo empresarial e laboral. Que o padre Kentenich nos deixou uma grande mensagem para nosso mundo e particularmente para o mundo das empresas, algo que é próprio de nosso carisma. ” – A resposta apresentada por Carlos Barrio: o grande dom que se traduz em tarefa – o pensar e viver orgânicos, grande herança do Padre Kentenich. Desde a definição do mesmo, surge a pergunta de como construir um trabalho orgânico que:

  • una
  • seja criador de vida
  • entusiasme
  • seja orgânico
  • gere alegria

Magistralmente, Carlos Barrio descreveu depois um panorama das forças básicas do pensar e viver orgânicos, para vinculá-los com as graças que fluem do Santuário de Schoenstatt, tão familiares aos schoenstatteanos. Não faltaram casos reais, como o recente escândalo dos motores diesel em Volkswagen.

De novo o grande desejo de poder estabelecer um diálogo mais profundo… trabalho que fica para daqui a dois anos, até o próximo congresso em novembro de 2017, em Lima, Peru.

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A calidez de lar

Não se pode terminar o relato sem mencionar agradecidos o calor de lar brindado pela equipe mexicana do CIEES, dirigido por Raúl Treviño, seu presidente. Escutaram-se frequentemente as palavras “senti-me em casa” e “sente-se o calor de lar”. Começou com a cálida boas-vindas no hotel – com a imagem da MTA saudando, as pastas e credenciais bem feitas, os chocolates, o coquetel de boas-vindas, os dois jantares com danças e música, os momentos de café e doces, a tradução simultânea ao inglês e alemão, as conversas e os risos, as orações, o stand de Nueva Patris, os postais e folhetos de Belmonte, a Missa de encerramento com a prédica impressionante do Padre Rafael Fernández, as saudações, despedidas e momentos de reencontros de surpresa nos voos para Dallas ou no aeroporto e a discussão intensa mesmo que demasiado breve sobre missão e visão do CIEES, que continua nas redes sociais…

Frutos abundantes que devem ser colhidos, deixando-se inspirar e talvez auxiliar por outros carismas, como disse Marcelo Scocco, de Espanha, “mas sempre desde nossa própria identidade, nosso carisma e nossa história… Assim seguimos crescendo na cultura de aliança e na pedagogia do Padre Kentenich”.

 

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12 de noviembre de 2015 – CIEES 2015
Original: Espanhol. Tradução: Lena Ortiz, Ciudad del Este, Py

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