Posted On 2017-01-21 In Francisco - Mensagem

A Igreja consulta os jovens do mundo para preparar o Sínodo de 2018

PAPA FRANCISCO EM ROMA, por Ary Waldir Ramos Díaz via Aleteia.org •

“Um mundo melhor constrói-se também graças a vós, ao vosso desejo de mudança e à vossa generosidade” escreveu o Papa Francisco na sua Carta dirigida aos jovens.

O Pontífice anunciou-lhes com “agrado” que no mês de Outubro de 2018 celebrar-se-á o Sínodo dos Bispos sobre o tema Os jovens, a fé e o discernimento vocacional. “Eu quis que vós estivésseis no centro da atenção, porque vos trago no coração”, sublinhou o Pontífice que, decidiu que a Jornada Mundial da Juventude 2019 seja celebrada no Panamá…

Na sexta-feira, 13 de Janeiro, foi apresentado no Vaticano o Documento Preparatório que o Papa pôs à disposição como um “guia” para este caminho. O Bispo de Roma não quer que os jovens fiquem no sofá para que outros decidam o seu futuro e convida-os a confiarem à Igreja as suas expectativas, os seus pensamentos e propostas sobre a vida e a pastoral.

“São Bento recomendava aos abades que, antes de cada decisão importante, consultassem também os jovens porque «muitas vezes é exatamente ao mais jovem que o Senhor revela a melhor solução» (Regra de São Bento III, 3)”, explicou. Deste modo, convidou-os a serem activos e a não terem medo de escutar o Espírito que lhes sugere “opções audaciosas”. “Fazei ouvir o vosso grito, deixai-o ressoar nas comunidades e fazei-o chegar aos pastores”.

Falando dos jovens que ousam seguir Jesus, afirmou que “Também a Igreja deseja colocar-se à escuta da vossa voz, da vossa sensibilidade, da vossa fé; até das vossas dúvidas e das vossas críticas”.

Como funciona?

O Documento é um guia antes do Sínodo e está dirigido, especialmente, aos jovens entre os 16 e os 29 anos, considerando os diversos contextos sociais e locais.

O texto foi enviado aos Conselhos dos Superiores das Igrejas Orientais católicas, às Conferências Episcopais, aos Dicastérios da Cúria Romana e à União dos Superiores Gerais.

Isto na perspectiva da elaboração do Instrumento Laboris, documento de trabalho do Sínodo, explicou, na conferência de imprensa no Vaticano, o Cardeal Lorenzo Baldisseri. Secretário-geral do Sínodo dos Bispos. Ainda, foi destacada a necessidade de compreender melhor a linguagem actual dos jovens, incluída a digital. “Isto será feito com os jovens, procuraremos que as Conferências Episcopais participem”, informou Baldisseri.

Ouvir os jovens é a visão pastoral e teológica do Pontificado de Francisco. “ A centralidade da alegria e do amor várias vezes sublinhada no texto”, acrescentou.

O texto

O Documento divide-se em três partes. Na primeira, convida a pôr-se à escuta da realidade. A segunda, sublinha a importância do discernimento à luz da fé para se chegar a cumprir decisões de vida que correspondam, realmente, à vontade de Deus e ao bem da pessoa. A terceira, concentra a sua atenção sobre a acção pastoral da comunidade eclesial”, disse Baldisseri.

Os questionários

Por seu lado, Fabio Fabene, subsecretário do Sínodo dos Bispos, comentou que, o Documento Preparatório foi desenhado para que os “jovens sejam realmente inseridos” no “itinerário sinodal”.

As perguntas do questionário foram pensadas por áreas geográficas e a novidade principal, em relação ao Sínodo anterior, é que às (15) perguntas se juntam (3) questões específicas para cada continente.

“A avaliação das respostas aos questionários será entregue a centros especializados”, destacou Fabio Fabene.

Página web                                                                                                                                                          ,.

Desde 1 de Março, será aberto um site para que os jovens possam enviar as suas inquietações sobre Jesus, o seu projecto de vida, a sociedade e a comunidade local:  http://www.sinodogiovani2018.va O continente digital é um assunto importante para avaliar e entrar na cultura dos jovens, uma oportunidade para actualizar os “Bispos e Prelados, por vezes, pouco práticos”, confirmou Baldisseri.

O site está aberto a todos os fiéis e pessoas afastadas. “Todos podem escrever, nós temos a deferência de responder a cada um”, acrescentou.

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CARTA DO PAPA FRANCISCO AOS JOVENS POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTO PREPARATÓRIO
PARA A XV ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA DO SÍNODO DOS BISPOS

Caríssimos jovens!

É-me grato anunciar-vos que em outubro de 2018 se celebrará o Sínodo dos Bispos sobre o tema «Os jovens, a fé e o discernimento vocacional». Eu quis que vós estivésseis no centro da atenção, porque vos trago no coração. Exatamente hoje é apresentado o Documento preparatórioque confio também a vós como «bússola» ao longo deste caminho.

Vêm-me à mente as palavras que Deus dirigiu a Abraão: «Sai da tua terra, deixa a tua família e a casa do teu pai, e vai para a terra que Eu te mostrar!» (Gn 12, 1). Hoje estas palavras são dirigidas também a vós: são palavras de um Pai que vos convida a «sair» a fim de vos lançardes em direção de um futuro desconhecido, mas portador de realizações seguras, ao encontro do qual Ele mesmo vos acompanha. Convido-vos a ouvir a voz de Deus que ressoa nos vossos corações através do sopro do Espírito Santo.

Quando Deus disse a Abraão «Sai!», o que é que lhe queria dizer? Certamente, não para fugir dos seus, nem do mundo. O seu foi um convite forte, uma provocação, a fim de que deixasse tudo e partisse para uma nova terra. Qual é para nós hoje esta nova terra, a não ser uma sociedade mais justa e fraterna, à qual vós aspirais profundamente e que desejais construir até às periferias do mundo?

Mas hoje, infelizmente, o «Sai!» adquire inclusive um significado diferente. O da prevaricação, da injustiça e da guerra. Muitos de vós, jovens, estão submetidos à chantagem da violência e são forçados a fugir da sua terra natal. O seu clamor sobe até Deus, como aquele de Israel, escravo da opressão do Faraó (cf. Êx 2, 23).

Desejo recordar-vos também as palavras que certo dia Jesus dirigiu aos discípulos, que lhe perguntavam: «Rabi, onde moras?». Ele respondeu: «Vinde e vede!» (cf. Jo 1, 38-39). Jesus dirige o seu olhar também a vós, convidando-vos a caminhar com Ele. Caríssimos jovens, encontrastes este olhar? Ouvistes esta voz? Sentistes este impulso a pôr-vos a caminho? Estou convicto de que, não obstante a confusão e o atordoamento deem a impressão de reinar no mundo, este apelo continua a ressoar no vosso espírito para o abrir à alegria completa. Isto será possível na medida em que, inclusive através do acompanhamento de guias especializados, souberdes empreender um itinerário de discernimento para descobrir o projeto de Deus na vossa vida. Mesmo quando o vosso caminho estiver marcado pela precariedade e pela queda, Deus rico de misericórdia estende a sua mão para vos erguer.

Na inauguração da última Jornada Mundial da Juventude, em Cracóvia, perguntei-vos várias vezes: «As coisas podem mudar?». E juntos, vós gritastes um «Sim!» retumbante. Aquele brado nasce do vosso jovem coração, que não suporta a injustiça e não pode submeter-se à cultura do descartável, nem ceder à globalização da indiferença. Escutai aquele clamor que provém do vosso íntimo! Mesmo quando sentirdes, como o profeta Jeremias, a inexperiência da vossa jovem idade, Deus encoraja-vos a ir para onde Ele vos envia: «Não deves ter […] porque Eu estarei contigo para te libertar» (cf. Jr 1, 8).

Um mundo melhor constrói-se também graças a vós, ao vosso desejo de mudança e à vossa generosidade. Não tenhais medo de ouvir o Espírito que vos sugere escolhas audazes, não hesiteis quando a consciência vos pedir que arrisqueis para seguir o Mestre. Também a Igreja deseja colocar-se à escuta da vossa voz, da vossa sensibilidade, da vossa fé; até das vossas dúvidas e das vossas críticas. Fazei ouvir o vosso grito, deixai-o ressoar nas comunidades e fazei-o chegar aos pastores. São Bento recomendava aos abades que, antes de cada decisão importante, consultassem também os jovens porque «muitas vezes é exatamente ao mais jovem que o Senhor revela a melhor solução» (Regra de São Bento III, 3).

Assim, inclusive através do caminho deste Sínodo, eu e os meus irmãos Bispos queremos, ainda mais, «contribuir para a vossa alegria» (2 Cor 1, 24). Confio-vos a Maria de Nazaré, uma jovem como vós, à qual Deus dirigiu o seu olhar amoroso, a fim de que vos tome pela mão e vos guie para a alegria de um «Eis-me!» pleno e generoso (cf. Lc 1, 38).

Com afeto paterno,

FRANCISCO

Vaticano, 13 de janeiro de 2017.

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