Posted On 2016-10-12 In Francisco - Mensagem

Perderam o medo e abriram-se ao Espírito Santo

FRANCISCO EM ROMA •

Não estarmos acorrentados a uma “rígida adesão” à Lei, deixar que o Espírito Santo nos inspire e, abrirmo-nos, sem medo e permitirmos que o Espírito Santo nos impulsione para a frente, são as três atitudes que o Papa Francisco aconselhou na Homilia da Missa matutina celebrada na Capela da Casa de Santa Marta, no dia 6 de Outubro. Francisco fez uma meditação das Leituras bíblicas do dia nas quais se fala do Espírito Santo, “grande dom do Pai”, “força que faz a Igreja sair, com valentia, para chegar aos confins do mundo”. O Espírito – disse Francisco – é o protagonista do ir avante da Igreja. Sem Ele, há “fechamento e medo”.

A abertura ao Espírito Santo como condição mais importante para o cristão, a docilidade ao Espírito Santo em vez de nos aferrarmos a normas, leis e ideias que se convertem em ideologias é um dos assuntos favoritos de Francisco. É um ponto, em que coincide tanto com o Pe. Kentenich quem, faz rezar toda a sua Família de Schoenstatt. “Abre as nossas almas ao Espírito de Deus…”

Não acaba aqui a oração escrita no campo de concentração de Dachau, lugar onde, segundo o Pe. Kentenich, depois da primeira “prova da realidade” nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial, uma vez mais se tratava do encontro crucial da Aliança de Amor com as periferias extremas do mundo real. Sabendo que a Aliança de Amor tinha passado a prova e intuindo que o maior perigo não seriam as zonas de risco, mas as zonas de conforto, o Pe. Kentenich continua rezando. “Abre as nossas almas ao Espírito de Deus e que Ele de novo arrebate o mundo a partir dos seus alicerces…”

Ao abrirmo-nos às palavras de Francisco neste sermão matutino, sentimos que, os dois partilham a mesma inquietação: um novo Pentecostes, abrindo-nos ao Espírito Santo e perdendo o medo.

1 Não reduzir o Espírito e o Filho à Lei

O Papa falou das três atitudes que podemos ter com o Espírito Santo.

A primeira é a reprovação que São Paulo faz aos Gálatas: o crer de serem justificados pela Lei e não por Jesus “que dá sentido à Lei”. E assim, eram “muito rígidos”. São os mesmos que atacavam Jesus e que o Senhor chamava de “hipócritas”:

Este apego à Lei faz ignorar o Espírito Santo. Não deixa que a força da redenção de Cristo se sobressaia com o Espírito Santo. Ignora. Existe somente a Lei. É verdade que existem os Mandamentos e nós devemos seguir os Mandamentos, mas sempre pela graça deste grande dom que o Pai nos deu, seu Filho, dom do Espírito Santo. Assim, se entende a Lei, e não reduzir o Espírito e o Filho à Lei. Este era o problema daquela gente: ignoravam o Espírito Santo e não sabiam ir adiante. Eram fechados, fechados nas prescrições: se deve fazer isso, se deve fazer aquilo. Às vezes, pode nos acontecer de cair na mesma tentação.”

Os Doutores da Lei, afirma o Papa, “encantam com as ideias”:

“Porque as ideologias encantam e Paulo diz, aqui: Ó gálatas insensatos, quem é que vos fascinou? Aqueles que pregam com ideologias: é tudo justo! Encantam: tudo claro! Mas, a revelação de Deus não é clara? A revelação de Deus se encontra todos os dias, mais e mais. A caminho sempre. É clara? Sim! Claríssima! É Ele, mas nós devemos encontrá-la a caminho. Aqueles que creem que possuem toda a verdade nas mãos não são ignorantes, Paulo diz: Insensatos! Pois se deixaram encantar.”

2 Não cair na mediocridade cristã

A segunda atitude é entristecer o Espírito Santo: acontece “quando não deixamos que Ele nos inspire, nos leve avante na vida cristã”, quando “não deixamos que Ele nos diga, não com a teologia da Lei, mas com a liberdade do Espírito, o que devemos fazer”. Assim – explica o Papa – “nos tornamos mornos”, caímos na “mediocridade cristã”, porque o Espírito Santo “não pode fazer a grande obra em nós”.

3 Avante, avante, avante

A terceira atitude “é abrir-se ao Espírito Santo e deixar que o Espírito nos leve avante. É o que fizeram os Apóstolos: a coragem do dia de Pentecostes. Perderam o medo e se abriram ao Espírito Santo”. “Para entender, para acolher as palavras de Jesus – afirmou o Papa – é necessário abrir-se à força do Espírito Santo. E quando um homem, uma mulher se abre ao Espírito Santo é como um barco à vela que se deixa levar pelo vento e vai avante, avante, avante e não para mais”. Mas é preciso “rezar para abrir-se ao Espírito Santo”:

“Nós podemos nos perguntar hoje, num momento do dia, eu ignoro o Espírito Santo? E sei que se vou à Missa aos domingos, se faço isso, se faço aquilo é suficiente? Segundo: a minha vida é uma vida pela metade, morna, que entristece o Espírito Santo e não deixa em mim a força de ir avante, de abrir-me, ou a minha vida é uma oração contínua para abrir-se ao Espírito Santo, para que Ele me leve avante com a alegria do Evangelho e me faça entender a doutrina de Jesus, a verdadeira doutrina, aquela que não encanta, aquela que não nos faz tolos, mas a verdadeira? E nos faça entender onde está a nossa fraqueza, aquela que O entristece; e nos leve avante, levando avante também o nome de Jesus aos outros e ensinando o caminho da salvação. Que o Senhor nos dê esta graça: abrir-nos ao Espírito Santo para não nos tornar tolos, encantados, nem homens e mulheres que entristecem o Espírito”.

Coordenação da tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal. Tradução das palavras do Santo Padre: Rádio Vaticano

Foto acima: Missões Católicas Universitárias, Paraguai

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