Posted On 2016-01-26 In Em Aliança solidária com Francisco, Francisco - Mensagem

Como se nos fosse dirigido: Francisco sobre educação

Francisco semana a semana (1) •

A mensagem desta semana, “como se nos fosse dirigido”, tirámo-lo da vídeo-mensagem enviada aos participantes do XXIV Congresso Interamericano de Educação Católica no Brasil que, se celebrou em S. Paulo, de 13 a 15 de Janeiro.

Leiamos, ouçamos, esta semana, a mensagem dirigida aos professores do Brasil como se nos fosse dirigida, a um Movimento que se autodefine, muitas vezes, a partir da pedagogia, da vocação para a educação e, especialmente, a um Movimento que, nos seus projectos tem mais colégios, infantários, academias e universidades que todos os outros projectos missionários, sociais, familiares, pastorais juntos. A um Movimento que, em grande parte dos seus projectos sociais para crianças, põe em destaque a educação.

Agradeço-vos pelo que fazem pela educação, é, provavelmente, um dos maiores desafios.

Vocês sabem que a educação, num mundo em que o centro da organização mundial não está no Homem mas no medo, num mundo assim, a educação está a tornar-se, cada vez mais, elitista e, até diria, nominalista, no sentido de estar imbuída de conteúdos de ideias, de modo que, não completa todo o humano, porque a pessoa para se sentir pessoa tem que sentir, tem que pensar, tem que fazer.

Essas três linguagens tão simples: a linguagem da razão, a do coração, a das mãos (do agir).

Contemplaremos esta mensagem (para o contexto, ver abaixo o texto completo), segundo o que conhecemos do Padre Kentenich:

O que me diz, Francisco a mim, nos diz a nós como colégio…academia…universidade…?

O que digo a mim próprio (a) em resposta?

O que respondo a Francisco, em Aliança Solidária, como resposta, em linguagem da razão, do coração e de feitos?

Convidamos-vos a fazê-lo, pois estamos convencidos que Deus nos fala através de Francisco.

Convidamos-vos a entrarem em diálogo com Francisco, diálogo que cria encontro que, é cultura de Aliança.

Convidamos-vos e abrimos o espaço para entrarem em diálogo, deixando as vossas respostas como comentário ao fundo deste artigo… e respondendo aos que escrevem as suas respostas.

Mensagem completa do Papa:

Quero fazer chegar uma saudação aos docentes da América, reunidos nessa bela terra brasileira, organizados pela Confederação Interamericana de Educação Católica. Agradeço-vos pelo que fazem pela educação, é, provavelmente, um dos maiores desafios. Vocês sabem que o pacto educativo está quebrado. Sabem que a educação, num mundo em que o centro da organização mundial não está no Homem mas no medo, num mundo assim, a educação está a tornar-se, cada vez mais, elitista e, até diria, nominalista, no sentido de estar imbuída de conteúdos de ideias, de modo que, não completa todo o humano, porque a pessoa para se sentir pessoa tem que sentir, tem que pensar, tem que fazer. Essas três linguagens tão simples: a linguagem da razão, a do coração, a das mãos (do agir)

Neste momento o vosso trabalho é imenso. Já sei, os educadores são os que sofrem, em geral, a maior injustiça, são os mais mal pagos, ou seja, não existe consciência do bem que um educador pode fazer. É preciso estender o plano da educação até essa cultura do encontro, que os jovens se encontrem entre eles, saibam sentir, saibam trabalhar juntos, qualquer que seja a sua religião, qualquer que seja a sua etnia, qualquer que seja a cultura da qual provenham, mas juntos pela humanidade. Isso é a cultura do encontro: é o momento em que a educação ensina as pessoas a encontrarem-se e a levarem por diante obras de sementeira. Isso foi o que, em Buenos Aires – não eu, eu não me lembrei, lembraram-se alguns leigos – me levou a propiciar o que, em determinada altura, se chamou “Escola de vizinhos” que, era integrar o pensamento, o sentir dos rapazes, das meninas que, estavam a estudar, todas as suas inquietações. Isso foi amadurecendo, desenvolveu-se e, hoje em dia, é essa associação que se chama Schola e que está a abrir caminhos, através do desporto, da arte. O desporto educa, ensina a trabalhar em equipa. A arte educa, o diálogo educa. Isso é o que, hoje, faz Scholas e que, de certeza, está presente no encontro entre vós.

Peço-vos que, por favor, sigam em frente, não se fechem a novas propostas, a propostas ousadas de educação. A concepção educativa como transmissão de conteúdos, terminou, está esgotada. Um educador brasileiro – não me recordo do seu nome, creio que é Matos, mas não me recordo – dizia que a educação tem que assentar em três pilares: transmissão de conteúdos, transmissão de hábitos e transmissão de valores – uma linda, uma linda expressão – Bem, isto agora traduzam-no em actividades e, assim, se vai fazer a cultura do encontro e, não a do desencontro, ou pior, a cultura da não integração, da exclusão, onde apenas uma elite, através duma educação selectiva vai, no futuro, ou mesmo hoje, deter o poder.

Agradeço-vos pelo que fazeis, agradeço-vos pela vocação. Ser educador é o que Jesus fez: educou-nos. Contra todo um sistema educativo, dos Doutores da Lei, da rigidez – leiam todos os piropos que Jesus diz a essa gente no capítulo 23 de S. Mateus – Jesus educa-nos de outro modo, com outro estilo. Educa-nos em duas colunas enormes: as Bem-aventuranças, no início do Evangelho e, o código com o qual vamos ser julgados que está em Mateus 25. Com isso, destruiu todo um sistema educativo baseado em normas, em preceitos que, em última instância, se pode dizer que era a profecia do que foi o Iluminismo, que hoje em dia não nos serve para nada.

Que Deus vos abençoe, rezem por mim e sigam em frente e trabalhem. E, oxalá os governos tenham consciência do que vocês fazem e vos paguem mais. Obrigado.

Foto: Josef-Kentenich-Schule, Kempten, Alemanha

Original: espanhol. Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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