Posted On 2017-05-07 In Francisco - Mensagem

Que cada uma das vossas iniciativas, cada proposta, cada caminho seja uma experiência missionária destinada à evangelização, não à autoconservação

FRANCISCO  – COMO SE NOS FOSSE DIRIGIDO •

Imediatamente a seguir à sua viagem ao Egípto, o Papa no Domingo 30 de Abril cumprimentou os milhares de fiéis reunidos na Praça de S. Pedro, entre eles 100.000 associados da ACI (Acção Católica Italiana) que começou com as celebrações dos 150 anos da Instituição que, continuarão até 2018. O Papa Francisco desafiou-os a fazerem política com “letra grande” e pediu-lhes que “Não olheis para o espelho! Muitos de nós são feios, é melhor não nos fitarmos a nós mesmos! E não fiqueis comodamente sentados na poltrona, porque isto leva a engordar e faz mal para o colesterol!”.

Francisco animou-os a “. Animo-vos a continuar a ser um povo de discípulos-missionários que vivem e testemunham a alegria de saber que o Senhor nos ama com um amor infinito e que, juntamente com Ele, amam de maneira profunda a história na qual vivemos”.

Depois de lembrar que a sua avó e o seu pai foram membros da Acção Católica na Argentina, afirmou. “Estimados sócios da Ação católica, cada uma das vossas iniciativas, cada proposta, cada caminho seja uma experiência missionária destinada à evangelização, não à autoconservação. A vossa pertença à diocese e à paróquia permaneça encarnada nas ruas das cidades, dos bairros e dos países”.

Um apelo a não se conformarem com o cultivo do espírito apostólico nem, muito menos, com o que “já fazemos”, “já sabemos”, “já somos”, mas: sair. Igreja em saída, Schoenstatt em saída, com todo o risco de se sujar os pés e as mãos nos caminhos da pobreza, nos caminhos das prisões, bairros de lata, assentamentos, Lares de Crianças, Parlamentos, Lares de idosos, albergues de refugiados, hospitais…

Falou o Papa à Acção Católica. Schoenstatt é um Movimento Apostólico.

E, agora que?

 

A seguir, o texto do Discurso do Papa à Acção Católica Italiana

 

Bom dia, caros amigos da Ação católica!

Estou realmente feliz por me encontrar hoje convosco, tão numerosos e em festa por ocasião do sesquicentenário de fundação da vossa Associação. Saúdo carinhosamente todos vós, a começar pelo Assistente-Geral e pelo Presidente nacional, a quem agradeço as palavras com as quais introduziu esta assembleia. A fundação da Ação católica italiana foi um sonho que nasceu do coração de dois jovens, Mario Fani e Giovanni Acquaderni, tornando-se ao longo do tempo um caminho de fé para muitas gerações, uma vocação à santidade para numerosas pessoas: adolescentes, jovens e adultos que se tornaram discípulos de Jesus e, por isso, procuraram viver como testemunhas jubilosas do seu amor no mundo. Também para mim há um pouco de ar de família: o meu pai e a minha avó faziam parte da Ação católica!

Trata-se de uma história bonita e importante, pela qual tendes muitos motivos para estar gratos ao Senhor e pela qual a Igreja vos agradece. É a história de um povo formado por homens e mulheres de todas as idades e condições, que apostaram no desejo de viver juntos o encontro com o Senhor: pequeninos e grandes, leigos e pastores, juntos, independentemente da posição social, da preparação cultural, do lugar de proveniência. Fiéis leigos que em todas as épocas compartilharam a busca de caminhos ao longo dos quais anunciar com a própria vida a beleza do amor de Deus e contribuir, com o compromisso e a competência que lhes são próprios, para a construção de uma sociedade mais justa, mais fraternal, mais solidária. É uma história de paixão pelo mundo e pela Igreja — recordo-me que já vos falei de um livro escrito na Argentina em 1937, que dizia: «Ação católica e paixão católica!» — e no âmbito desta história cresceram figuras luminosas de homens e mulheres de fé exemplar, que serviram o país com generosidade e intrepidez.

No entanto, ter uma bonita história passada não serve para caminhar com o olhar virado para trás, não serve para se fitar no espelho, não serve para ficar comodamente sentado na poltrona! Não vos esqueçais disto: não caminheis com os olhos voltados para trás, provocareis um acidente! Não olheis para o espelho! Muitos de nós são feios, é melhor não nos fitarmos a nós mesmos! E não fiqueis comodamente sentados na poltrona, porque isto leva a engordar e faz mal para o colesterol! Fazer memória de um longo itinerário de vida ajuda-nos a estar conscientes de que somos um povo que caminha, cuidando de todos, ajudando cada um a crescer humanamente e na fé, compartilhando a misericórdia com a qual o Senhor nos afaga. Animo-vos a continuar a ser um povo de discípulos-missionários que vivem e testemunham a alegria de saber que o Senhor nos ama com um amor infinito e que, juntamente com Ele, amam de maneira profunda a história na qual vivemos. Foi assim que nos ensinaram as grandes testemunhas de santidade que traçaram o caminho da vossa associação, entre as quais faço questão de recordar Giuseppe Toniolo, Armida Barelli, Piergiorgio Frassati, Antonietta Meo, Teresio Olivelli e Vittorio Bachelet. Ação católica, vive à altura da tua história! Vive à altura destas mulheres e homens que te precederam.

Durante estes cento e cinquenta anos, a Ação católica sempre se distinguiu por um grande amor a Jesus e à Igreja. Ainda hoje sois chamados a dar continuidade à vossa vocação singular, colocando-vos ao serviço das dioceses, ao redor dos Bispos — sempre — e nas paróquias — sempre — onde a Igreja habita, no meio das pessoas — sempre. Todo o Povo de Deus beneficia dos frutos desta vossa dedicação, vivida em harmonia entre Igreja universal e Igreja particular. É na vocação tipicamente laical a uma santidade vivida na vida diária que podeis encontrar o vigor e a ânimo para viver a fé, permanecendo no lugar onde estais, fazendo da hospitalidade e do diálogo o estilo com o qual estar próximos uns dos outros, experimentando a beleza de uma responsabilidade compartilhada. Não vos canseis de percorrer os caminhos ao longo dos quais é possível fazer desenvolver-se o estilo de uma autêntica sinodalidade, um modo de ser Povo de Deus no qual cada um pode contribuir para uma leitura atenta, meditada e orante dos sinais dos tempos, para compreender e viver a vontade de Deus, persuadidos de que a ação do Espírito Santo intervém e renova tudo cada dia.

Convido-vos a fazer progredir a vossa experiência apostólica radicados na paróquia, «que não é uma estrutura caduca» — entendestes bem? A paróquia não é uma estrutura caduca! — mas «é presença eclesial no território, âmbito para a escuta da Palavra, o crescimento da vida cristã, o diálogo, o anúncio, a caridade generosa, a adoração e a celebração» (Exort. Apost. Evangelii gaudium, 28). A paróquia é o espaço onde as pessoas podem sentir-se acolhidas como tais e podem ser acompanhadas através de percursos de amadurecimento humano e espiritual, para crescer na fé e no amor pela criação e pelos irmãos. Mas isto só será verdade se a paróquia não se fechar em si mesma, se também a Ação católica que vive na paróquia não se fechar em si própria, mas ajudar a paróquia a fim de que ela permaneça «em contacto com as famílias e com a vida do povo, e não se torne uma estrutura complicada, separada das pessoas, nem um grupo de eleitos que olham para si mesmos» (ibidem). Isto não, por favor!

Estimados sócios da Ação católica, cada uma das vossas iniciativas, cada proposta, cada caminho seja uma experiência missionária destinada à evangelização, não à autoconservação. A vossa pertença à diocese e à paróquia permaneça encarnada nas ruas das cidades, dos bairros e dos povoados. Como aconteceu ao longo destes cento e cinquenta anos, experimentai com força em vós a responsabilidade de lançar a boa semente do Evangelho na vida do mundo, através do serviço da caridade, do compromisso político — empenhai-vos na política, mas por favor na grande política, na Política com p maiúsculo! — inclusive através da paixão pela educação e pela participação no intercâmbio cultural. Ampliai o vosso coração para alargar o coração das vossas paróquias. Sede caminheiros da fé, para encontrar todos, receber todos, ouvir todos, abraçar todos. Cada existência é uma vida amada pelo Senhor; cada rosto nos mostra a Face de Cristo, especialmente o do pobre, de quem se sente ferido pela vida e do abandonado, de quantos escapam da morte e procuram abrigo nas nossas casas, nas nossas cidades. «Ninguém pode sentir-se exonerado da preocupação pelos pobres e pela justiça social» (ibid., 201).

Permanecei abertos à realidade que vos circunda. Procurai sem temor o diálogo com quantos vivem ao vosso lado, inclusive com aqueles que pensam de outra forma mas, como vós, também aspiram à paz, à justiça e à fraternidade. É no diálogo que se pode projetar um futuro compartilhado. É através do diálogo que construímos a paz, cuidando de cada um e dialogando com todos.

Caros adolescentes, jovens e adultos da Ação católica: ide e alcançai todas as periferias! Ide e lá, com a força do Espírito Santo, sede Igreja.

Que vos sustente a proteção maternal da Virgem Imaculada; que vos acompanhem o encorajamento e a estima dos Bispos, assim como a minha Bênção que, de coração, concedo a vós e à Associação inteira. E por favor, não vos esqueçais de rezar por mim!

Tradução das palavras do Santo Padre: www.vatican.va

Original: espanhol, 02.05.2017. Coordenação da tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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