Posted On 2017-04-18 In Francisco - iniciativos e gestos

Para semear amor entre nós

FRANCISCO na periferia, por Maria Fischer com material de Radio Vaticano e Aleteia •

O Lava-pés de Quinta-feira Santa, evocando Jesus, lembra-nos que “Deus nos ama até ao fim“apesar dos nossos pecados. Lembrou o Papa Francisco na Missa da Ceia do Senhor que celebrou na prisão de Paliano, a única em Itália destinada à reclusão de colaboradores da Justiça. Em 2013, poucos dias depois de assumir o Papado, Francisco surpreendeu todos com o gesto de celebrar a Missa da Última Ceia fora do Vaticano e na Prisão de menores de Casal de Marmo. Nos anos seguintes presidiu à Missa em “Coena Domini”, fora do Vaticano; em 2014 na Fundação Don Gnocchi, Centro Santa Maria da Providência, nesse lugar lavou os pés a inválidos e não autónomos. Em 2015 visitou a Prisão romana de Rebibbia. Quem não se surpreendeu com estes gestos foram os paroquianos da Arquidiocese de Buenos Aires – pois o seu Cardeal Jorge Mario Bergoglio celebrou todas as Quintas-feiras Santas na periferia…

Faz-me lembrar os numerosos abraços apertados recebidos em todas as visitas à Prisão de Menores perto de Tupãrenda, na companhia do Padre Pedro Kühlcke. Nunca na minha vida recebi tantos abraços em tão pouco tempo e poucas vezes tão calorosos. De todas as vezes, saí com um cansaço feliz, de tanto carinho dado e recebido. É a alegria do Evangelho feito abraço. Alegria pura.

O Papa lavou os pés a doze presos. Três mulheres e um homem muçulmano que será baptizado em Junho; um argentino e um albanês e o resto de nacionalidade italiana. Entre eles, dois condenados a “prisão perpétua” e, os demais deverão terminar as suas penas entre 2019 e 2073.

Dirigindo-se aos 70 detidos e ao pessoal penitenciário, o Bispo de Roma assinalou que, como nos ensina Jesus, o Papa é o primeiro que está chamado a “servir”, para “semear amor”. E, exortou os detidos a entreajudarem-se mutuamente.

“Tendo amado os Seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim”. Na sua Homilia, o Papa Francisco refletiu sobre a passagem do Evangelho que narra a Última Ceia de Jesus com os Seus discípulos.

Deus ama-nos até ao fim, apesar dos nossos pecados

O Senhor sabia que tinha sido traído, que Judas o ia entregar, mas ama “até ao fim” e dá a Sua vida “por cada um de nós”:

“Amar até ao fim. Não é fácil porque todos somos pecadores; todos temos limites, defeitos, tantas coisas. Todos sabemos amar, mas não somos como Deus que ama sem olhar para as consequências, até ao fim. E, dá-nos o exemplo: para fazer ver isto, Ele que era o “chefe”, que era Deus, lava os pés aos Seus discípulos”.

Jesus veio ao mundo para servir e o Papa deve fazer o mesmo

Lembrando que o lavar dos pés era um costume daquela época, antes dos almoços e dos jantares, porque as pessoas nos caminhos sujavam os pés com a poeira e, que isso era feito pelos escravos, o Santo Padre fez finca-pé no facto de Jesus inverter essa regra. E, quando Simão Pedro não queria deixar, Jesus explica-lhe que “Ele veio ao mundo para servir, para se fazer nosso escravo, para dar a Sua vida por nós, para amar até ao fim”.

“Hoje, na rua quando estava a chegar, havia gente que saudava: “Vem aí o Papa, o Chefe da Igreja. O Chefe da Igreja…” O Chefe da Igreja é Jesus, falemos seriamente! O Papa é a figura de Jesus e eu quero fazer como Ele. Nesta celebração, o Pároco lava os pés aos fiéis. Há uma reviravolta: o que parece mais poderoso deve fazer um trabalho de escravo, para semear amor. Para semear amor entre nós”

 

O Lava-pés não é uma coisa folclórica, é um sinal do amor de Deus

Animando os detidos a entreajudarem-se mutuamente, a servirem os seus companheiros “porque isto é amor, é como lavar os pés. É ser o servidor de todos”. E, foi o que fez Deus connosco: é o nosso “Servidor”, serve-nos:

“A todos nós que somos pobre gente, a todos! Mas, Ele é grande. Ele é bom. E ama-nos tal como somos. Por isso, durante esta celebração pensemos em Deus, em Jesus. Não é uma celebração folclórica: é um gesto para recordar o que Jesus fez. Depois disto, tomou o pão e deu-nos o Seu Corpo. Tomou o Cálice com o vinho e deu-nos o Seu Sangue. Assim é o amor de Deus, pensemos apenas no amor de Deus”.

 Original: espanhol (14/4/2017). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

 

 

Santa Missa Crismal – Homilia

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