Posted On 2015-12-24 In Francisco - iniciativos e gestos

A porta dum refeitório em Roma – uma Porta da Misericórdia

ANO SANTO DA MISERICÓRDIA, FRANCISCO EM ROMA, por Claudio de Castro/Aleteia.org

“Se quiseres encontrar Deus, procura-O na humildade, procura-O na pobreza, procura-O onde Ele está escondido: nos mais carenciados, nos doentes, nos esfomeados, nos prisioneiros”, disse o Papa na sexta-feira, 18 de Dezembro, num Abrigo e refeitório para os sem-abrigo, em Roma.

Francisco abriu a Porta Santa da Caridade por ocasião do Jubileu da Misericórdia no Abrigo da Caritas “D. Luigi Di Liegro” adjacente á estação ferroviária de Termini, no centro da capital italiana.

Na sua Homilia, Francisco pôs em destaque que, Jesus caminha por entre as pessoas e, não escolheu para a Sua vida na Terra, “um palácio de luxo”, ou, uma mãe “duquesa” ou “princesa”. Pelo contrário, preferiu a simplicidade.

Como seremos julgados? Perguntou. “Jesus – insistiu o Papa – não dirá: “Tu vens comigo porque fizeste tantas ofertas à Igreja”.

Assim, disse que, o céu não é para o “benfeitor da Igreja”, porque o céu “não se paga com dinheiro” nem o alcançam “pessoas importantes” com “tantas honrarias”. “Não! As honrarias não abrem a porta do céu”, frisou.

Este gesto do Papa, fê-lo para acompanhar e animar o serviço dos centros de acolhimento da Caritas Diocesana e, apoiar o serviço de voluntários e operadores dedicados aos pobres, desocupados e pessoas sem – abrigo.

“Por isso, hoje ao abrir esta Porta Santa gostaria que Jesus abrisse o coração de todos… e, lhes faça ver qual é o caminho da salvação. Não tem luxo. Não tem um caminho de grandes riquezas”, destacou.

“Como se vai para o céu? Pois, “não tem um caminho para o poder. Existe o caminho da humildade. Os mais pobres, os doentes, os prisioneiros…mas, Jesus diz mais: os mais pecadores se, se arrependessem preceder-nos-iam no céu”, disse.

Também destacou duas coisas para se pedir ao Senhor no Jubileu:” Em primeiro lugar, que o Senhor nos abra a porta do nosso coração. A todos…porque somos pecadores”. Em segundo lugar, que nos faça compreender que “o caminho da autossuficiência, que o caminho das riquezas, que o caminho da vaidade, que o caminho do orgulho, não são caminhos de salvação”.

O Bispo de Roma pediu que “o Senhor nos dê a graça de nos sentirmos “jogados fora” porque não temos mérito algum”. E, nesta humildade de nos sentirmos precisados de Deus encontremos a “misericórdia e a graça”.

O Rito

“Esta é a porta do Senhor (e, os assistentes responderam em coro: por esta entram os justos). Abram-me a porta da Justiça (em coro responderam os concelebrantes: Eu entrarei para agradecer ao Senhor). Pela Tua grande misericórdia entrarei na Tua casa, Senhor”, disse para, imediatamente a seguir abrir a Porta Santa com os aplausos dos presentes do outro lado.

Depois do Rito de Abertura, o Papa entrou dentro do Refeitório “S. João Paulo II”.

Deste modo, se encontrou com os 200 utentes do refeitório que recebem assistência – pelo menos um prato de comida quente por dia, especialmente, durante o rigoroso inverno europeu – além de, orientação para melhorarem as suas condições de vida.

A maioria dos utentes são pessoas de nacionalidade italiana, maiores de 50 anos e, estrangeiros que, têm como ponto de encontro a estação dos comboios de Roma para, arranjarem abrigo nos seus altos pórticos e saídas.

No refeitório foi colocado o Altar, onde o Papa presidiu à Missa. Algumas das pessoas sem lar participaram activamente na Eucaristia através das Leituras e no serviço.

Deus caminha por entre nós com humildade

Na Homilia Francisco pôs em destaque: “Deus vem salvar-nos. Não encontra melhor forma para o fazer do que caminhar em nossa companhia. Levar a vida como nós”.

“No momento de escolher a maneira de levar a Sua vida, não escolhe a vida duma grande cidade, dum grande império – afirmou -, não escolhe uma princesa, uma duquesa para mãe; uma pessoa importante. Não escolhe um palácio de luxo.

“Parece que tudo foi feito intencionalmente, quase às escondidas. Maria, uma menina de 16 ou 17 anos, apenas. Numa aldeia perdida nas periferias do império romano que, ninguém conhecia…José era um rapaz que A amava e queria casar-se com Ela. Um carpinteiro que ganhava o pão de cada dia”, acrescentou.

Tudo era simplicidade na vida de Jesus

O Pontífice prosseguiu:” Tudo era simplicidade, tudo escondido. E, também, a rejeição, porque estavam noivos e, numa aldeia tão pequena, vocês sabem como são comentários…José deu-se conta que Ela estava grávida. Mas era justo. Tudo escondido, também a calúnia, os falatórios”.

E, o Anjo explicou a José o mistério, continuou o Papa: “Esse filho que a tua noiva carrega no Seu ventre é obra de Deus, é obra do Espírito Santo… Quando se levantou do sonho, fez o que o Anjo do Senhor lhe ordenara. Foi buscá-La e casou-se com Ela. Tudo em segredo, tudo em humildade”.

Onde devemos procurar Deus?

“As grandes cidades do mundo não sabiam de nada. Assim é Deus entre nós. Se quiseres encontrar Deus, procura-O na humildade, procura-O na pobreza, procura-O onde está escondido, nos mais carenciados, nos doentes, nos esfomeados, nos prisioneiros”, esclareceu.

Também, mostrou que, quando Jesus predica, diz como seremos julgados antes de entrarmos no céu.

“Como seremos julgados? Não dirá: “Tu vens comigo porque fizeste muitas ofertas à Igreja. Tu és um benfeitor da Igreja, vem para o céu, vem para o céu. Não! A entrada no céu não se paga com dinheiro. Não! Não dirá tu és muito importante, estudaste tanto, tiveste tantas honrarias, vem, vem para o céu. Não! As honrarias não abrem a porta do céu”, frisou.

“Que nos dirá Jesus para nos abrir a porta do céu? Estava com fome e, deste-Me de comer, não tinha tecto e, deste-Me uma casa, será assim. Estava doente, estava na prisão e vieste visitar-Me. Jesus está na humildade. O amor de Jesus é grande”, respondeu.

Abrir a porta do coração

Deste modo, explicou o gesto realizado naquele dia ao abrir a Porta Santa num Abrigo para os sem-abrigo: ”Por isto, hoje, ao abrir esta Porta Santa gostaria que Jesus abrisse o coração de todos os romanos e, lhes faça ver qual é o caminho da salvação. Não tem luxo. Não é um caminho das grandes riquezas”.

“Não é caminho para o poder. É o caminho da humildade. Os mais pobres, os doentes, os prisioneiros…mas, Jesus diz mais: os mais pecadores se arrependessem preceder-nos-iam no céu. Eles têm a chave. Aquele que pratica a caridade deixa-se abraçar pela Misericórdia do Senhor”.

“Hoje, abrimos esta porta e pedimos duas coisas – disse -:Em primeiro lugar, que o Senhor nos abra a porta do nosso coração. A todos. Todos precisamos. Todos somos pecadores. Todos temos a necessidade de ouvir a Palavra do Senhor.”

“Em segundo lugar, que o Senhor nos faça compreender que o caminho da Autossuficiência, que o caminho das riquezas, que o caminho da vaidade, que o caminho do orgulho não são caminhos de salvação”, reiterou.

E, pediu “que o Senhor nos faça compreender que a Sua carícia de Pai, a Sua Misericórdia, o Seu Perdão, acontece quando nos aproximamos dos que sofrem, dos “jogados fora” da sociedade”.

Sentir-se “jogado fora”, sentirmo-nos perto de Deus

O Bispo de Roma assegurou que “ali está Jesus”. Esta porta que é a Porta da Caridade, a Porta onde recebem assistência tantos, tantos, “jogados fora”, nos faça compreender que seria bonito que, cada um de nós, que cada um dos romanos se sentisse “jogado fora” e sentisse a necessidade da ajuda de Deus”.

Por último, pediu que se rezasse para que a misericórdia e a caridade invadam as nossas cidades: “Hoje, rezamos por todos os habitantes de Roma, começando por mim, para que, o Senhor nos dê a graça de nos sentirmos “jogados fora” porque, nós não temos mérito algum”.

“Só Ele nos dá a misericórdia e a graça. E, para nos aproximarmos dessa graça devemos aproximar-nos dos “jogados fora”, dos pobres, dos que têm mais necessidade. Porque, por essa aproximação seremos julgados”, assegurou.

“Que o Senhor, hoje, abrindo esta porta dê graças a toda a Roma, a todo o habitante de Roma, para levarem por diante este abraço da misericórdia no qual o pai segura o filho ferido mas, o ferido é o pai. Deus está ferido de amor – concluiu – e, por isso, é capaz de nos salvar a todos. Que o Senhor nos dê esta graça”.

Obrigado pelas “portas do Schoenstatt em saída”

Um refeitório em Roma, Porta Santa da Misericórdia. Quantas portas da misericórdia se abrem em refeitórios deste mundo? Jovens do Movimento de Schoenstatt de Madrid, como todos os anos, levarão comida e alegria a um refeitório em Móstoles. Schoenstatt em saída.

Mima Cardona do Paraguai escreve: “Dentro em pouco prepararemos as caixas contendo pão doce ou pão de Natal como lhe chamamos, vão para o norte, Vallemí, para os nativos, Ybau yau para os idosos e Concepción para as famílias da margem do rio que, agora, está debaixo de água. Colaboram neste gesto generoso três famílias de Schoenstatt da Ciudad del Este. Não é muito, mas fazemos um pouco como o beija-flor que leva uma gota de água para ajudar a apagar o incêndio…”

Mima, é muito, realmente é muito.

Em Ybau yau

Original: espanhol. Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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