Posted On 2016-06-15 In Juntos pela Europa

Cardeal Marx: “É preciso levar à sociedade a força do Evangelho”

ALEMANHA, por María Fischer •

“Acabo de ver que no fim do centésimo “Katholikentag” alemão (Jornada dos Católicos) em Leipzig a câmara focou uma Imagem da Mãe Peregrina. De facto, o meu coração alegrou-se!” Escreveu Birgit Brommel, de Wesel, Alemanha. Com uma Santa Missa solene foi encerrada a 100ª Jornada dos Católicos em Leipzig. Desde quarta-feira (25 de Maio de 2016) dezenas de milhares de pessoas reuniram-se nessa cidade com o lema: “Eis o Homem”. No início da Jornada o Papa Francisco enviou uma mensagem em vídeo com a qual desejou as boas-vindas aos participantes, em alemão.

“Cada pessoa humana aspira à comunhão e à paz. Tem necessidade de uma convivência pacífica. Mas isto só pode desenvolver-se quando edificamos também a paz interior no nosso coração”, disse o Papa.” Procuremos na contemplação, na oração, alcançar uma familiaridade cada vez maior com Deus. E gradualmente descobrimos que o Pai celestial deseja o nosso bem, Ele quer ver-nos felizes, repletos de alegria e tranquilos”.

Mais à frente, Francisco apelou a deixarmo-nos inspirar por esta familiaridade com Deus que anima também a nossa misericórdia:” Deixemo-nos tocar pela misericórdia de Deus inclusive mediante uma boa confissão, para nos tornarmos cada vez mais misericordiosos, como o Pai”.

O Papa desejou aos participantes da “Jornada dos Católicos” que emprestassem a voz aos “pobres e oprimidos”: A quantos estão reunidos em Leipzig, e a todos os fiéis na Alemanha, formulo os bons votos a fim de que na vida reservem cada vez mais espaço à voz dos pobres e dos oprimidos”. O lema da Jornada motivou-o a assinalar que, diariamente, encontramos pessoas oprimidas entre os refugiados ou entre pessoas idosas que são “empurrados” “a morrer cedo”. Nestas pessoas “aqui vemos Jesus sofredor, martirizado, que lança o olhar sobre a malvadeza e a brutalidade em toda a sua dimensão, que os homens padecem ou fazem padecer uns aos outros neste mundo”, acrescentou o Papa.

A Igreja não deve girar em volta de Si mesma

Na Homilia da Santa Missa, o Presidente da Conferência Episcopal Alemã, Cardeal Reinhard Marx, convocou todos a comprometerem-se nas actividades da vida diária. “Em Jesus de Nazaré torna-se visível o irmão de todos os Homens. No Seu rosto brilha cada rosto humano, sobretudo, o dos agredidos, maltratados e feridos”. Na centésima “Jornada dos Católicos”, os grupos de leigos comprometidos e os que estão vinculados socialmente com a Igreja, asseguraram que não se perdesse de vista toda a realidade da Igreja e do povo: “é necessário um olhar para o corpo e para a alma, para os céus e para a terra, na direção daquilo que resgata o Homem”. Por isso, é importante agradecer pela centésima Jornada dos Católicos alemães e desejar que se sigam muitas mais.

O Cardeal Marx lembrou que o Papa Francisco disse que, a Igreja não deve ser narcisista que não deve girar apenas ao redor dos Seus círculos pessoais: “Devemos ser uma Igreja que não celebra os Seus próprios problemas mas, que se dirige a todas as pessoas, que se interessa por elas e Se compromete, precisamente, com os doentes e os pobres do mundo”, disse o Cardeal Marx. Tal acção da Igreja corresponde ao movimento da procura de Deus. Se olhamos para a questão do paraíso perdido: “Adão onde estás?” O movimento da procura de Deus é uma constante na História que, sempre, vai a par com a perspectiva da Salvação. Esta procura encontra o seu cerne em Jesus de Nazaré. O Cardeal Marx acrescenta: “Não pode haver, da perspectiva cristã, um culto que não inclua as pessoas em si. Isto seria sempre uma mutilação da mensagem de Cristo, se construímos muros que perdem de vista o outro, se apenas pensamos em nós próprios, em que será de mim, da minha paróquia, da minha vida…Devemos perguntarmo-nos: O que se vai passar com as pessoas? O que se vai passar com a Terra? Somos chamados a dar a perspectiva da esperança a todas as pessoas da maneira que nos seja possível”.

No assunto dos refugiados, ver as pessoas

Insistentemente, O Cardeal Marx falou sobre a situação política actual e a situação dos refugiados. A Igreja não pode, nem quer, substituir o Estado. “Mas existe uma política cristã inspirada no Evangelho. É, por isso, que queremos levar à nossa sociedade os princípios do Evangelho, inclusivamente, nas actuais divergências políticas. Queremos tornar possível a política, mas não tomar o lugar dos políticos”. Isto aplica-se duma maneira especial no que diz respeito aos refugiados. “Há princípios não negociáveis, tiramo-los do Evangelho. Se alguém chega às nossas fronteiras, recebe um tratamento humano, seguidamente obtém um tratamento justo e ninguém o manda, de novo, para uma situação em que imperam a guerra ou a perseguição” e acrescentou. “ Devemos fazer todo o possível para que o limite europeu não seja um limite que afoga vários milhares de pessoas por ano. Não devemos permitir que isto aconteça! Portanto, queremos fazer possível a política do espírito do Evangelho. O Evangelho é uma provocação, mas uma provocação saudável”.

Para os cristãos, trata-se da proclamação universal da Misericórdia Divina. “O Evangelho é independente das sondagens de opinião ou dos estados de ânimo, mas tentamos enxertar toda a força do Evangelho dentro da sociedade. Todos vamos tratar de impregnar o Evangelho da Misericórdia de Deus nas nossas, sociedade e cultura”, afirmou o Cardeal Marx.

Ao concluir a celebração, o Cardeal Marx agradeceu ao anfitrião da Diocese do Comité Central dos Católicos Alemães (ZDK) pelo dia do encontro e o Bispo, Mons. Dr. Félix Genn (Münster), convidou-o a participar na 101ª Jornada dos Católicos, na cidade de Münster, que se realizará de 9 a 13 de Maio de 2018.

Contribuição do Movimento de Schoenstatt na Alemanha

Desde há anos que, o Movimento de Schoenstatt na Alemanha se comprometeu com a Jornada dos Católicos. Em Leipzig houve, como sempre, um centro de informação, foram oferecidas, além disso, outras actividades: procura de pegadas durante a oração do meio-dia, o Caminho Conjugal, uma oficina de Santuários-Lar, assim como, a colaboração na celebração ecuménica mariana e numa bênção para casais.

Original: alemão. Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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