Posted On 2017-09-16 In Francisco - Mensagem, Igreja - Francisco - movimentos

Construir juntos, dia após dia, a paz no amor, na justiça e na verdade

FRANCISCO NA COLÔMBIA •

O Papa Francisco lembrou na quarta-feira – 13 de Setembro de 2017 – durante a Audiência Geral, a sua recente viagem à Colômbia. Perante os milhares de fiéis congregados na Praça de S. Pedro, o Pontífice fez um balanço da sua viagem apostólica, recordando com emoção e agradecimento, o povo colombiano que o recebeu com tanto carinho e, lhe manifestou o seu desejo de paz e de esperança no futuro.

Retomando o Lema da sua visita à Colômbia: “Demos o primeiro passo”, Francisco explicou que “Dar o primeiro passo, significa aproximar-se, inclinar-se, tocar a carne do irmão ferido e abandonado. E, fazê-lo com Cristo, o Senhor feito escravo por nós. Graças a Ele há esperança, porque Ele é a misericórdia e a paz”.

O Papa salientou que “nesta viagem senti a continuidade com os dois Papas que antes de mim visitaram a Colômbia: o beato Paulo VI, em 1968, e São João Paulo II, em 1986. Uma continuidade fortemente animada pelo Espírito, que guia os passos do povo de Deus nos caminhos da história.

Francisco destacou os esforços do povo colombiano para conseguir a reconciliação e destacou que “ Com a minha visita quis abençoar o esforço daquele povo, confirmá-lo na fé e na esperança, e receber o seu testemunho, que é uma riqueza para o meu ministério e para toda a Igreja. O testemunho deste povo é uma riqueza para toda a Igreja”.

“A Colômbia — como a maior parte das nações latino-americanas — é um país no qual as raízes cristãs são fortíssimas. E se este facto torna ainda mais aguda a dor pela tragédia da guerra que o dilacerou, ao mesmo tempo constitui a garantia da paz, o firme fundamento da sua reconstrução, a linfa da sua esperança invencível”.

“É evidente que o maligno quis dividir o povo para destruir a obra de Deus, mas também é evidente que o amor de Cristo, a sua infinita Misericórdia é mais forte do que o pecado e a morte”.

Francisco salientou o desejo de vida e de paz no coração da nação colombiana: “ Pude observar isto nos olhos dos milhares e milhares de crianças, adolescentes e jovens que encheram a praça de Bogotá e que encontrei em toda parte”.

Por isso, o Papa Francisco encomendou novamente a Colômbia e o seu amado povo à Mãe, Nossa Senhora de Chiquinquirá, a Quem pôde venerar na Catedral de Bogotá. “Com a ajuda de Maria, cada colombiano todos os dias possa dar o primeiro passo em direção do irmão e da irmã, e assim construir juntos, dia após dia, a paz no amor, na justiça e na verdade”

 

O Papa que trata de situar a Igreja em saída e não, precisamente, com procissões mas, de se colocar no meio do mundo como um hospital de campanha, regressa a casa, ferido, em pleno exercício pastoral na maçã do rosto e na sobrancelha esquerdas. E, fá-lo com o sorriso de quem regressa com o rosto marcado e ensanguentado o cabeção da sua sotaina branca mas, com a satisfação do dever cumprido, ao tentar beijar uma criança e bater com a cara contra o vidro do Papamóvel. Certamente que, todos os fiéis cristãos autênticos e as pessoas de boa vontade se alegram com a sua rápida recuperação. Obrigado pelos seus serviços na Colômbia, Papa Francisco. Comentário de Francisco Gómez García, Espanha 

Palavras do Papa Francisco

 

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Como sabeis, nos dias passados realizei a viagem apostólica à Colômbia. De todo o coração dou graças ao Senhor por este grande dom; e desejo renovar a expressão do meu reconhecimento ao Senhor Presidente da República, que me recebeu com tanta cortesia, aos Bispos colombianos que muito trabalharam — para preparar esta visita, assim como às Autoridades do país, e a quantos colaboraram com a realização desta visita. Transmito um agradecimento especial ao povo colombiano que me acolheu com muito afeto e tanta alegria! Um povo jubiloso entre os muitos sofrimentos, mas alegre; um povo com esperança. Um dos aspetos que mais me impressionaram em todas as cidades, no meio da multidão, foram os pais e as mães com os filhos, que os erguiam para que o Papa os abençoasse, mas também com orgulho mostravam os próprios filhos como se dissessem: “Este é o nosso orgulho! Esta é a nossa esperança”. Pensei: um povo capaz de ter filhos e de os mostrar com orgulho, como esperança: este povo tem futuro. Gostei muito disto.

De modo particular nesta viagem senti a continuidade com os dois Papas que antes de mim visitaram a Colômbia: o beato Paulo VI, em 1968, e São João Paulo II, em 1986. Uma continuidade fortemente animada pelo Espírito, que guia os passos do povo de Deus nos caminhos da história.

O lema da viagem foi “Demos el primer paso”, isto é, “Demos o primeiro passo”, referido ao processo de reconciliação que a Colômbia vive para sair de meio século de conflito interno, que semeou sofrimentos e inimizades, causando tantas feridas, difíceis de cicatrizar. Mas com a ajuda de Deus o caminho já começou. Com a o minha visita quis abençoar esforço daquele povo, confirmá-lo na fé e na esperança, e receber o seu testemunho, que é uma riqueza para o meu ministério e para toda a Igreja. O testemunho deste povo é uma riqueza para toda a Igreja.

A Colômbia — como a maior parte das nações latino-americanas — é um país no qual as raízes cristãs são fortíssimas. E se este facto torna ainda mais aguda a dor pela tragédia da guerra que o dilacerou, ao mesmo tempo constitui a garantia da paz, o firme fundamento da sua reconstrução, a linfa da sua esperança invencível. É evidente que o maligno quis dividir o povo para destruir a obra de Deus, mas também é evidente que o amor de Cristo, a sua infinita Misericórdia é mais forte do que o pecado e a morte.

Esta viagem levou a bênção de Cristo, a bênção da Igreja ao desejo de vida e de paz que transborda do coração daquela nação: pude observar isto nos olhos dos milhares e milhares de crianças, adolescentes e jovens que encheram a praça de Bogotá e que encontrei em toda parte; aquela força de vida que também a própria natureza proclama com a sua exuberância e a sua biodiversidade. A Colômbia é o segundo país do mundo pela biodiversidade. Em Bogotá pude encontrar-me com os Bispos do país e também com o Comité Diretivo da Conferência Episcopal Latino-americana. Dou graças a Deus por os ter podido abraçar e lhes ter dado o meu encorajamento pastoral, para a sua missão ao serviço da Igreja, sacramento de Cristo nossa paz e nossa esperança.

O dia dedicado de modo particular ao tema da reconciliação, momento culminante de toda a viagem, foi realizado em Villavicencio. Na parte da manhã houve a grande celebração eucarística, com a beatificação dos mártires Jesús Emilio Jaramillo Monsalve, bispo, e Pedro María Ramírez Ramos, sacerdote; à tarde, a especial Liturgia de Reconciliação, simbolicamente orientada para o Cristo de Bocayá, sem braços nem pernas, mutilado como o seu povo.

A beatificação dos dois mártires recordou plasticamente que a paz se funda também e talvez sobretudo, no sangue de tantas testemunhas do amor, da verdade, da justiça, e de mártires verdadeiros, assassinados pela fé, como os dois que acabei de citar. Ouvir as suas biografias foi comovedor até às lágrimas: lágrimas de dor e de alegria ao mesmo tempo. Diante das relíquias e das suas imagens, o santo povo fiel de Deus sentiu com força a própria identidade, com dor, pensando nas muitas, demasiadas vítimas, e com alegria, pela misericórdia de Deus que se estende sobre os que o temem (cf. Lc 1, 50).

«Misericórdia e verdade encontrar-se-ão, / justiça e paz beijar-se-ão» (Sl 85, 11), escutámos no início. Este versículo do salmo contém a profecia do que aconteceu deveras na última sexta-feira na Colômbia; a profecia e a graça de Deus por aquele povo ferido, a fim de que possa ressurgir e caminhar numa vida nova. Vimos estas palavras proféticas cheias de graça encarnadas nas histórias das testemunhas, que falaram em nome de muitos e muitos que, a partir das suas feridas, com a graça de Cristo, saíram de si mesmos e abriram-se ao encontro, ao perdão, à reconciliação.

Em Medellín a perspetiva foi a da vida cristã como discipulado: a vocação e a missão. Quando os cristãos se esforçam até ao fim no caminho do seguimento de Jesus Cristo, tornam-se deveras sal, luz e fermento no mundo, e veem-se frutos abundantes. Um destes frutos são os Hogares, isto é as casas onde crianças e adolescentes feridos pela vida podem encontrar uma nova família na qual são amados, acolhidos, protegidos e acompanhados. Outros frutos, abundantes como cachos, são as vocações à vida sacerdotal e consagrada, que pude abençoar e encorajar com alegria num encontro inesquecível com os consagrados e os seus familiares.

Por fim, em Cartagena, a cidade de São Pedro Claver, apóstolo dos escravos, o “focus” foi sobre a promoção da pessoa humana e dos seus direitos fundamentais. São Pedro Claver, e também mais recentemente santa Maria Bernarda Bütler, deram a vida pelos mais pobres e marginalizados, mostrando assim a via da verdadeira revolução, a evangélica, não ideológica, que liberta deveras as pessoas e as sociedades das escravidões de ontem e, infelizmente, também de hoje. Neste sentido, “dar o primeiro passo” — o lema da viagem — significa aproximar-se, inclinar-se, tocar a carne do irmão ferido e abandonado. E fazê-lo com Cristo, o Senhor que se tornou escravo por nós. Graças a Ele há esperança, porque Ele é a misericórdia e a paz.

Novamente confio a Colômbia e o seu amado povo à Mãe, Nossa Senhora de Chiquinquirá, que pude venerar na catedral de Bogotá. Com a ajuda de Maria, cada colombiano todos os dias possa dar o primeiro passo em direção do irmão e da irmã, e assim construir juntos, dia após dia, a paz no amor, na justiça e na verdade.

 

 

Coordenação da Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal Tradução das palavras do Santo Padre: www.vatican.va

Com material de AICA

Tags : , , , , ,

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *