Posted On 2017-07-28 In Francisco - Mensagem, Igreja - Francisco - movimentos

O bem e o mal não são identificados em territórios definidos ou em determinados grupos de pessoas

Ângelus DO PAPA FRANCISCO, Maria Fischer •

A vida poderia ser tão fácil se só existisse o branco e o preto, bom e mau, correcto e falso. Mas, nem a vida nem o ser humano são assim. Uma das mensagens nucleares do Papado de Francisco é o que disse no Domingo, 23 de Julho de 2017, na sua mensagem antes da oração do Ângelus: “O Senhor, que é a Sabedoria encarnada, ajuda-nos hoje a compreender que o bem e o mal não são identificados em territórios definidos ou em determinados grupos de pessoas”. “Estes são bons, estes são maus”.

É conhecida a anedota de José Engling, quando, em criança, ajudando a mãe no jardim, ao mondar as ervas daninhas, não as arrancava a elas mas sim os rebentos de hortaliça. Quantas vezes na história da Igreja, na história de Schoenstatt, houve alguém que arrancou plantas boas confundindo-as com as ervas daninhas…por ignorância, falta de paciência, falta de discernimento, falta de misericórdia, na pressa de limpar a Igreja, Schoenstatt, de tudo o que é imperfeito, também, até quem sabe, por ruins motivos.

Às vezes, apenas por uma perspectiva estreita. Muito do que, hoje, comi na salada, o meu avô, aquele homem orgulhoso do campo, lhe chamou “ervas daninhas”.

A vida poderia ser tão mais fácil com tudo e todos, claramente, classificáveis entre mau ou bom. Mas, não é assim, diz-nos o Papa Francisco. E, por vezes, a própria vida nos vai mostrar o que, realmente, foi e é de Deus.

 “Depois, Jesus nos ensina uma maneira diferente de olhar o mundo, de observar a realidade. Somos chamados a aprender os tempos de Deus – que não são os nossos tempos – e o “olhar” de Deus: graças à influência benéfica de uma trepidante espera, o que era joio ou parecia ser joio, pode se tornar um produto bom. É a realidade da conversão. É a perspectiva da esperança!”

“Que a Virgem Maria nos ajude a colher na realidade que nos rodeia não apenas a sujeira e o mal, mas também o bem e o belo, a desmascarar a obra de Satanás, mas acima de tudo, a confiar na ação de Deus que fecunda a história”.

Texto integral das palavras do Papa Francisco no Ângelus, 23 de Julho de 2017

 

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

A página evangélica de hoje, apresenta três parábolas em que Jesus fala às multidões sobre o Reino de Deus. Detenho-me sobre a primeira: A do trigo bom e do joio, que ilustra o problema do mal no mundo e destaca a paciência de Deus (Mt 13,24-30.36-43). Quanta paciência Deus tem connosco! Cada um de nós pode dizer: “Quanta paciência Deus tem comigo”. A narrativa se desenvolve em um campo com dois protagonistas opostos. De um lado, o patrão do campo que representa Deus e semeia a boa semente; do outro, o inimigo que representa Satanás e espalha a erva daninha.

Com o passar do tempo no meio do trigo cresce também o joio e diante deste fato o patrão e seus servos têm atitudes diferentes. Os servos queriam intervir arrancando o joio, mas o patrão que está preocupado sobretudo em salvar o trigo se opõe à iniciativa dizendo: “Não suceda que, ao arrancardes o joio, arranqueis também o trigo” (v 29). Com esta imagem, Jesus nos diz que neste mundo o bem e o mal estão interligados, que é impossível separar-lhes e erradicar todo o mal. Somente Deus pode fazer isso e o fará no juízo final. Com suas ambiguidades e seu caráter compósito, a situação presente é o campo da liberdade, o campo da liberdade dos cristãos, onde se realiza o difícil exercício do discernimento entre o bem e o mal.

Neste campo, portanto, une-se, com grande confiança em Deus e na sua providência, duas atitudes aparentemente contraditórias: a decisão e a paciência. A decisão é a de querer ser o trigo bom – todos querem – com todas as próprias forças e se afastar do mal e de suas seduções. A paciência significa preferir uma Igreja que é fermento na massa, que não tem medo de sujar as mãos lavando os panos de seus filhos, em vez de uma Igreja de “puros” que pretende julgar antes do tempo quem está no Reino de Deus e quem não está.

O Senhor, que é a Sabedoria encarnada, ajuda-nos hoje a compreender que o bem e o mal não são identificados em territórios definidos ou em determinados grupos de pessoas: “Estes são os bons e estes são os maus”. Ele nos diz que a linha de confim entre o bem e o mal passa no coração de cada pessoa, passa no coração de cada um de nós, isto é: Somos todos pecadores. Eu queria perguntar a vocês: “Quem não é pecador, levante a mão”. Ninguém! Porque todos nós somos, somos todos pecadores. Jesus Cristo por sua morte na cruz e a sua ressurreição, nos libertou da escravidão do pecado e nos dá a graça de prosseguir numa vida; mas com o Batismo também nos deu a Confissão, porque precisamos sempre ser perdoados de nossos pecados. Olhar sempre e apenas o mal que está fora de nós significa não querer reconhecer o pecado que está em nós.

Depois, Jesus nos ensina uma maneira diferente de olhar o mundo, de observar a realidade. Somos chamados a aprender os tempos de Deus – que não são os nossos tempos – e o “olhar” de Deus: graças à influência benéfica de uma trepidante espera, o que era joio ou parecia ser joio, pode se tornar um produto bom. É a realidade da conversão. É a perspectiva da esperança!

Que a Virgem Maria nos ajude a colher na realidade que nos rodeia não apenas a sujeira e o mal, mas também o bem e o belo, a desmascarar a obra de Satanás, mas acima de tudo, a confiar na ação de Deus que fecunda a história.

Original: espanhol, 23.07.2017. Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal. Tradução das palavras do Santo Padre: Zenit

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