Posted On 2016-07-20 In Artigos de Opinião

Independência

Por Pe. Guillermo Carmona, Director Nacional do Movimento de Schoenstatt na Argentina •

Nestes dias, em que comemorámos (na Argentina) o Bicentenário da Independência, convido-vos a refletirem sobre o conceito de independência, mais para lá, do seu significado e implicação na história política. Podemos, neste sentido, interrogar-nos sobre o nosso ser independente e, como vivemos, positivamente, este atributo na nossa vida diária.

A independência está interligada com a liberdade e a autonomia. Chegar a ser esse Homem Novo que Schoenstatt propõe, implica ser um Homem livre e autónomo, um Homem com uma personalidade independente.

Aceitação de si mesmo

A autonomia começa com uma aceitação de si mesmo orientada para a valorização e para o compromisso consigo próprio. Quem se aceita como é, com as suas qualidades e debilidades, não corre o risco de se mimetizar com outros, perdendo a sua identidade e perfil próprios. Isto não significa que nos devemos conformar e converter em seres passivos. Pelo contrário, deveríamos poder viver, procurando esse equilíbrio entre o que sou e o que devo mudar para ser mais pleno, para ser uma melhor pessoa. Em cada dia, essa possibilidade nos é apresentada, de ser o que sou e, ao mesmo tempo, realizar alguma mudança ainda que seja pequena.

Independência da opinião dos outros

A autonomia implica agir segundo o nosso critério, com independência da opinião dos outros. Quem nos rodeia não deve manipular o nosso agir. É bom deixar-se inspirar por modelos humanos, mas uma coisa é dar valor a alguém e, outra muito diferente, idolatrar. A autonomia não invalida que ouçamos quem nos rodeia. Os seus juízos podem ser indicativos mas não deveriam ser determinantes. Independente é aquele que não depende dos outros para decidir o que deve fazer mas, ao mesmo tempo, olha, escuta e analisa o que os outros podem ter para nos dizer.

Independência emocional

Uma das independências mais difíceis é a emocional. Depender demasiado do beneplácito, da proximidade ou do distanciamento, do aplauso ou da crítica daqueles que amamos, não ajuda. Não são os outros quem determina o nível de felicidade: ela depende de cada um e da atitude com a qual enfrentamos a nossa vida.

Desprendimento

O caminho da independência passa, também, por estações de desprendimento: a partida de um filho ou de um amigo íntimo, um trabalho do qual somos despedidos, alguém com quem nos aborrecemos e deixamos de o ver, o abandono de alguém a quem amávamos. Ser livre não é fácil, implica assumir os fracassos e as injustiças. É manter-se firme no caminho, se a nossa consciência moral nos apoia, frente a quem não partilha os meus valores, a minha sinceridade, a minha honestidade ou a minha maneira de viver.

Talvez o caminho também nos retenha em estações de solidão. Não tenhamos medo e desçamos. Se, se sabem aproveitar, as épocas em solitário podem ser sumamente frutuosas e podem fortalecer a nossa personalidade independente.

Autonomia – central na pedagogia do Padre Kentenich

Esta autonomia é central na pedagogia e na espiritualidade do Padre José Kentenich. Tem o seu fundamento no amor original do Pai e, na Aliança com Maria. Eles convidam-nos a encarnarmos o melhor de nós, o Ideal Pessoal, tão único, que não há dois, como não há duas impressões digitais iguais. Esta consciência faz sobressair a melhor versão de cada um.

Jesus e Maria cuidam do nosso coração neste inverno, para que, brilhe com um jardim na primavera. É o coração que goza do que S. Paulo chamava na Carta aos Romanos: “A plena liberdade dos filhos de Deus”.

Desejo que a misericórdia do Pai que, sempre vem ao nosso encontro, nos permita festejar, hoje, não só o Bicentenário, mas também, a nossa própria independência.

Com a minha saudação cordial e a minha bênção,                                       
 
Pe. Guillermo Carmona

Original: espanhol. Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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