Posted On 2015-06-11 In Artigos de Opinião, Schoenstatteanos

O compromisso não é uma opção

PARAGUAY, por Sebastián Acha, ex chefe do ramo da JM Secundária em sua época, fundador de Pátria Querida (partido político que nasceu de Schoenstatt) e ex deputado nacional por dois períodos •

Desde que Schoenstatt chegou a minha vida – porque essa é a realidade, e foi na minha tenra infância através das vivências de meus pais – fascinou-me a experiência de vida e o legado de José Kentenich. A proposta pastoral do movimento foi definindo-se ao mesmo tempo em que desenvolvíamos nossas vivências, primeiro familiares e depois pessoais com meu grupo de vida, onde o questionamento principal era a contribuição que o Movimento deve fazer para a construção do “homem novo para uma nova sociedade”. As visões proféticas de nosso fundador não guardam relação com eventos sobrenaturais ou representações abstratas que são guardadas e cultivadas por outros movimentos católicos com especial carisma e enorme devoção.

A proposta do Padre e Fundador passa pela transformação interior, por esse “enorme espaço interior” de reflexão e trabalho, com o cultivo da própria santidade. Desde que somos seres sociais e nossa ação supõe uma contribuição a comunidade, é impossível separar o ideal de Schoenstatt de um profundo impacto em nosso ambiente, e que, obviamente, essa transformação deve contemplar necessariamente uma contribuição substancial, permanente, sólida, às bases do que chamamos uma “nova ordem” e que para isso, nossa ação deve estar cimentada na fé prática na divina providência, quer dizer, devemos escutar “as vozes de nosso tempo”.

1452170_177031099161825_437759848_n-600x402 Desde muito cedo, Schoenstatt convidou-me a enfrentar este ambiente de injustiças sociais que castigam a Paraguay. A vinculação ao Santuário através da Aliança de Amor supôs para mim uma necessidade inevitável de buscar respostas sobre as causas dessas injustiças, as bases do “desamor”, desse pensar mecanicista que simplifica tudo a uma simples resposta paraguaia como o “é assim mesmo”.

Esta representação da mediocridade misturada com conformismo, definitivamente supôs para mim o anti valor a vencer. Representou para mim a voz do tempo que me gritava muito ao ouvido aquilo que categoricamente o Padre Kentenich desprezava e o catalogava como o pecado mais terrível para o homem: a desumanização, o coletivismo, a supressão da identidade própria e a submissão aos costumes sociais superficiais.

Um anti valor ao qual o Padre e Fundador não respondeu com a fuga, com a deserção, com a cisão ou a crítica fácil, mas com um verdadeiro AQUI ESTOU, inspirado no “Aqui estou” de Maria ante o chamado do Senhor. Em minha experiência pessoal senti um chamado a contribuir na transformação da política nacional. Senti-me atraído pelo enorme desafio que supõe confrontar uma cultura política clientelista e prebendaria com uma mensagem de auto-educação e auto confiança para o eleitorado. Subir a um palanque político e dizer exatamente o contrário do que o povo está acostumado a escutar de seus “líderes”: “Escutem, não sou eu quem lhes solucionará os problemas, mas são vocês mesmos quem têm que encontrar a solução porque vocês podem fazê-lo”. Sacrificar dez anos de minha vida, meu matrimônio, meus filhos e arriscar minha segurança pessoal e a de meus seres queridos, não teria sentido senão fosse porque todo esse esforço foi uma contribuição ao altar de nosso Santuário.

Talvez hoje para muita gente, a forma em que se encontra o desenvolvimento de dita experiência constitua um fracasso. Entretanto para mim é uma vitória esmagadora. Mantenho minha família a meu lado, tenho uma esposa que me acompanhou incondicionalmente todos estes anos, posso sair na rua de cabeça erguida e recebo o reconhecimento de conhecidos e desconhecidos e finalmente, tenho cinco filhos entre eles, os maiores hoje já podem compreender que o orgulho de seu pai não é haver ganhado a batalha, mas simplesmente haver lutado. Que a solução não é correr e esconder-se. Que as queixas e as críticas usuais não constroem se não vão acompanhadas de ações concretas. Que nada muda escrevendo artigos ou fazendo discursos.

Mas que a verdadeira mudança é entregar-se por inteiro mesmo quando não te creiam, não te queiram não te aceitem e não te votem. O compromisso não é uma opção, é uma obrigação. O Padre Kentenich não fundou um movimento de pessoas acomodadas “que opinam” ou colunistas da vida. Ele fundou um movimento de homens e mulheres revolucionários, críticos e proativos com base no amor colocado em prática. Comprometidos com a realidade que desejam mudar.

O Padre buscava gente com convicções que não encontrem a desculpa para evitar o campo de concentração, mas que passem por ali, que não o evitem pelas misérias e injustiças que ali se viviam, mas justamente que o conheçam e o transformem justamente por essas imundices que aconteciam em seu interior. Schoenstatt não é um movimento de laicos acomodados e conformistas.

Schoenstatt é um movimento de homens e mulheres que livremente optaram por participar da realidade que lhes rodeia para mudar os parâmetros de conformismo e mediocridade, por excelência e santidade.

Por e para isso somos Igreja.

Fonte: Revista JMU a beneficio da Missão Roma, Asunción, Paraguay

Original: Espanhol – Tradução: Lena Ortiz, Ciudad del Este, Paraguay

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